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literatura 20jul.pmd - CEAO - Centro de Estudos Afro Orientais ...

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Ainda que trabalhando, em cada livro, com diferentes motivos,<br />

é possível dizer que a matéria <strong>de</strong> que são feitos os seus<br />

poemas está ligada à observação da vida <strong>de</strong> comunida<strong>de</strong>s simples,<br />

aos costumes preservados em lugarejos <strong>de</strong> Minas Gerais e<br />

aos diferentes dados fornecidos pela história. Em sua poesia ressoam<br />

também as crenças e mitos guardados pelo saber popular.<br />

A esse material se agrega o diálogo com o samba, o jazz, o blues,<br />

com o futebol, motivos esses que ajudam o poeta a tratar das<br />

tristezas e misérias que encarceram o homem por um viés que<br />

não se fecha à esperança. A música, em muitos poemas <strong>de</strong><br />

Edimilson Pereira, vale como uma espécie <strong>de</strong> amuleto, que ajuda<br />

o indivíduo a vencer o medo, a livrar-se da má sorte, a atravessar<br />

situações <strong>de</strong> penúria. Mas, vamos acompanhar algumas propostas<br />

que estão mais evi<strong>de</strong>ntes em alguns livros do poeta.<br />

O seu primeiro livro, Dormundo, publicado em 1985, nos<br />

oferece uma visão do mundo mais doída, que po<strong>de</strong> ser apreendida<br />

em vários poemas. No entanto, já nessa primeira obra poética, <strong>de</strong>staca-se<br />

uma característica muito própria <strong>de</strong> sua poesia: a <strong>de</strong>scrição<br />

<strong>de</strong> lugares e percepção <strong>de</strong> <strong>de</strong>talhes que o olhar observador apreen<strong>de</strong><br />

em lugarejos e cida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Minas Gerais, mas também não<br />

apenas nesses lugares, pois em outros livros alguns poemas referem-se<br />

a cida<strong>de</strong>s como Johannesburgo, Salvador, Rio <strong>de</strong> Janeiro,<br />

Nova York, Luanda, Nova Orleans, no livro Ô lapassi & outros<br />

ritmos <strong>de</strong> ouvidos (1990) e na coletânea Zeosório blues (2002).<br />

Essa intenção <strong>de</strong>scritiva está, por exemplo, em versos do<br />

poema “Parceirinhos”, do livro Dormundo (1985, p. 25) – “Inóspita<br />

la<strong>de</strong>irinha,/o largo histórico e os motins/impressos no ar”-<br />

, e também na composição do poema “Reino geral”, registrado<br />

à página 30 do mesmo livro:<br />

132 Literatura afro-brasileira<br />

Bem imemorável<br />

canta a catedral as pombas<br />

voam o sino bate em<br />

harmonia o sacerdote<br />

confessa a pressa da tar<strong>de</strong><br />

noivos casam mulheres choram<br />

os convivas atentos<br />

são duros como sinos<br />

e nenhum tem trezentos anos.

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