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literatura 20jul.pmd - CEAO - Centro de Estudos Afro Orientais ...

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14 GAMA, Luiz. Primeiras Trovas Burlescas & outros poemas<br />

(Edição organizada por Lígia F. Ferreira). São Paulo:<br />

Martins Fontes, 2000. (Coleção Poetas do Brasil)<br />

Antonio Cândido Gonçalves Crespo (1846-1883) nasceu no Rio<br />

<strong>de</strong> Janeiro. Era poeta. Foi cedo para Portugal (1860), estudou em<br />

Coimbra. Filho <strong>de</strong> um português, Antonio José Gonçalves Crespo e<br />

<strong>de</strong> Francisca Rosa, uma mulher negra, expressou em seus poemas a<br />

sauda<strong>de</strong> das paisagens brasileiras, muito relacionadas ao homem negro.<br />

Ao mesmo tempo, reproduziu, em revistas para as quais colaboravam<br />

poetas portugueses, formas e pontos <strong>de</strong> vista tradicionais.<br />

Quem foi Luís Gama?<br />

56 Literatura afro-brasileira<br />

Lá Vai Verso!<br />

Luiz Gama 14<br />

Quero também ser poeta,<br />

Bem pouco, ou nada me importa,<br />

Se a minha veia é discreta,<br />

Se a via que sigo é torta.<br />

F. X. DE NOVAIS<br />

Alta noite, sentindo o meu bestunto<br />

Pejado, qual vulcão <strong>de</strong> flama ar<strong>de</strong>nte,<br />

Leve pluma empunhei, incontinente<br />

O fio das idéias fui traçando.<br />

As Ninfas invoquei para que vissem<br />

Do meu estro voraz o ardimento;<br />

E <strong>de</strong>pois, revoando ao firmamento,<br />

Fossem do Vate o nome apregoando.<br />

Ó Musa da Guiné, cor <strong>de</strong> azeviche,<br />

Estátua <strong>de</strong> granito <strong>de</strong>negrido,<br />

Ante quem o Leão se põe rendido,<br />

Despido do furor <strong>de</strong> atroz braveza;<br />

Empresta-me o cabaço d’urucungo,<br />

Ensina-me a brandir tua marimba,<br />

Inspira-me a ciência da candimba,<br />

Às vias me conduz d’alta gran<strong>de</strong>za.<br />

Quero a glória abater <strong>de</strong> antigos vates,<br />

Do tempo dos heróis armipotentes;<br />

Os Homeros, Camões — aurifulgentes,<br />

Decantando os Barões da minha Pátria!<br />

Quero gravar em lúcidas colunas<br />

Obscuro po<strong>de</strong>r da parvoíce,<br />

E a fama levar da vil sandice<br />

A longínquas regiões da velha Báctria!

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