16.04.2013 Views

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE ...

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE ...

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

110<br />

cosmológica foi graficamente expressa por Wittgenstein no aforismo:<br />

‘if the flea were to construct a rite, it would be about the dog’(apud<br />

Tambiah 1985: 129).”<br />

Uma das chaves para este compartilhamento, esse imbrincamento entre a<br />

dimensão ritual e a cosmológica das ações e das representações, é a noção de<br />

brincadeira. A idéia de brinquedo e brincadeira, recorrente em todas as manifestações da<br />

Zona da Mata, aliás, no Brasil de uma maneira geral, implica uma série de relações,<br />

comportamentos, representações e atitudes coletivas significativas para a constituição e<br />

compreensão dos mesmos. Percebo que há uma semelhança entre o significado nativo da<br />

noção de brincadeira e a definição de ritual proposta por Tambiah (1985: 128), e é isto<br />

que faz com que o mamulengo possa ser mais amplamente compreendido, na minha<br />

opinião, a partir da abrdagem antropológica, e não a partir dos conceitos teatrais, do<br />

teatro de bonecos, como usualmente ocorre. Esta perspectiva antropológica nos permite<br />

relacionar o tipo de arte, a forma de comunicação e conteúdos produzidos nessas<br />

brincadeiras e o sistema social em que estão imersos. Nesse sentido estabelecemos uma<br />

relação entre os atores e suas experiências sociais, as formas e conteúdos culturais e o<br />

contexto que os circundam, ampliando nosso entendimento sobre o mamulengo, sobre as<br />

outras brincadeiras e sobre a própria Zona da Mata:<br />

“Ritual is a culturally constructed system of symbolic<br />

communication. It is constituted of patterned and ordered sequences of<br />

words and acts, often expressed in multiple media, whose content and<br />

arrangement are characterized in varyng degree by formality<br />

(conventionality), stereotypy (rigidity), condensation (fusion), and<br />

redundancy (repetition). Ritual action in its constitutive features is<br />

performative in these three senses: in the Austinian sense of<br />

performative, wherein saying something is also doing something as a<br />

conventional act; in the quite different sense of a staged performance<br />

that uses multiple media by which the participants experience the<br />

event intensively; and in the sense of indexical values – I derive this<br />

concept from Peirce – being attached to and inferred by actors during<br />

the performance.”

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!