16.04.2013 Views

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE ...

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE ...

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

se fosse. Mas rapaz, tu sois demais, hein! tu fazendo isso. E eu digo, olha, eu num sou<br />

demais, eu sou o que sou.<br />

Entender o mamulengo como sendo ou não teatro, ou o mamulengueiro como<br />

sendo ou não artista remete à mesma problemática que cerca as fronteiras entre a arte e a<br />

antropologia. Sally Price (2000) aborda esta questão para o caso da “arte primitiva”.<br />

Alguns dos pontos por ela analisados podem servir também para o caso do mamulengo.<br />

E ela continua:<br />

214<br />

“Poderíamos caracterizar o estudo acadêmico da arte como<br />

enfocando a vida e a obra de indivíduos específicos e a sucessão<br />

histórica de movimentos artísticos distintos. Assim como a música, a<br />

literatura e o teatro, a história das artes visuais é apresentada como<br />

um mosaico de contribuições feitas por indivíduos criativos cujos<br />

nomes são lembrados, cujas obras são individualizadas e cujas vidas<br />

pessoais e relação com um específico período histórico merecem<br />

nossa atenção.”<br />

“Existe, contudo, uma excessão a este enfoque geral à<br />

criatividade individual e à cronologia histórica. Na compreensão<br />

Ocidental das coisas, uma obra originada fora das Grandes Tradições<br />

deve ter sido criada por uma personagem sem nome que representa<br />

sua comunidade e cuja arte respeita os ditames de tradições<br />

antiquíssimas” (Price, 2000: 87).<br />

Essa perspectiva é válida para o caso do teatro. De um modo geral, a ênfase dada<br />

na historiografia do teatro como um todo e do teatro brasileiro é baseada na dramaturgia.<br />

Um outro enfoque seria a dos encenadores. E num momento mais recente vem sendo<br />

escrita a história dos grupos teatrais e movimentos artísticos importantes. Nesse sentido, a<br />

escassa documentação a cerca do mamulengo, e a recente problemática dessas questões,<br />

fazem com que o mamulengo se exclua da linha de raciocínio histórico. Como disse<br />

anteriormente, no caso dos recursos retóricos utilizados por Zé Lopes, a apropriação<br />

desse tipo de estratégia por mamulengueiros que se iniciaram nos anos 1980 vem sendo<br />

cada vez mais comum, ampliando um diálogo mais conceitual a respeito da própria arte e

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!