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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE ...

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matéria-prima, com vistas à quantidade do produto. A consideração<br />

do ponto de vista do operário, ao contrário, aponta para as formas<br />

específicas de exploração da força de trabalho efetuadas nessas<br />

unidades da grande indústria que são as usinas de açúcar”.<br />

Gostaria de ressaltar, no entanto, a ausência de análise de festas e manifestações<br />

populares da Zona da Mata nesses trabalhos. Quando essas análises são feitas usualmente<br />

de maneira breve, ou através do enfoque da religiosidade local, como na última parte do<br />

trabalho de Meyer (1979: 171 a 176). Estes trabalhos estão, sobretudo, centrados em<br />

questões da política local, das relações de trabalho, da constituição dos sindicatos rurais,<br />

de movimentos de organização camponesa e sobre as implicações da plantation para as<br />

condições sócio-econômicas de trabalhadores dessa região. A relação de tal contexto com<br />

os divertimentos e com as manifestações populares da Zona da Mata permaneceu um<br />

aspecto pouco explorado.<br />

A percepção da força destas brincadeiras nesse universo social me parece<br />

fundamental, não apenas pelo fato já ressaltado na bibliografia clássica sobre a<br />

importância desses fenômenos para o fortalecimento de sentimentos de coesão<br />

comunitária. O reconhecimento das brincadeiras pode aprofundar o entendimento dessa<br />

mesma realidade. Como procuro argumentar, as brincadeiras de mamulengo e de cavalo<br />

marinho são vivenciadas pelos agricultores e trabalhadores nesse mesmo contexto social.<br />

A integração das brincadeiras na análise desse contexto me parece fundamental para uma<br />

compreensão mais integral do modo de vida desses atores sociais. Certamente a cultura<br />

da cana-de-açúcar conjuga um legado de instituições e fatos bastante complexos, e, sem<br />

dúvida, a instância dos festejos, da religiosidade e das brincadeiras integram também um<br />

conjunto de situações férteis para a observação dessa realidade.<br />

Como os trabalhos a que me referi acima foram realizados durante os anos 1970, é<br />

preciso ressaltar as dificuldades práticas na realização, em virtude da interrupção e<br />

censura a estas brincadeiras na Zona da Mata, o que me foi relatado por alguns<br />

mamulengueiros como Zé de Vina, Saúba e Zé Lopes e pode ser observado no<br />

depoimento do pesquisador Fernando Gonçalves Santos em Zuebach (2002). Também na<br />

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