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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE ...

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eferir à Zona da Mata como portadora de uma “cultura da economia açucareira”, pois<br />

isso significaria, em princípio, afirmar que a cultura é uma resposta às condições sociais.<br />

Mas por outro lado é a idéia de um sistema social específico da Zona da Mata, que traz,<br />

de alguma maneira, a coesão a este trabalho, porque delimita minha compreensão do<br />

mamulengo dentro de um tempo e de um espaço. Além disso, compreender o mamulengo<br />

como sendo um fato total, é também compreendê-lo dentro deste universo da cana-de-<br />

açúcar. Procuro nesta parte explorar outros ângulos de visão para a compreensão desta<br />

economia açucareira, neste caso, através das brincadeiras, que como o mamulengo, são<br />

abundantes na região e são protagonizadas pelos mesmos trabalhadores. Nas passagens,<br />

nas toadas, nas loas, nos improvisos, nos personagens e na rede que o mamulengo<br />

articula, podemos encontrar dados relevantes para o entendimento dos processos sociais<br />

característicos da Zona da Mata pernambucana. Certamente a cana-de-açúcar conjuga um<br />

legado de instituições e fatos complexos, e sem dúvida as instâncias de festejos, da<br />

religiosidade e das brincadeiras integram um conjunto de situações férteis para a<br />

observação da região. Quero dizer com isso que por momentos a realidade social se faz<br />

presente, claramente, em formas culturais como a do mamulengo; mas em outros<br />

momentos, é o mamulengo que escapa a esta realidade, produzindo outras formas de ver<br />

o mundo, e até mesmo utopias.<br />

Depois de identificado o contexto, defino meu principal interlocutor, o<br />

mamulengueiro Zé de Vina, que através de sua história de vida traz questões que serão<br />

trabalhadas ao longo da tese. É através dele que também construo a rede de artistas que<br />

fundamentam este trabalho.<br />

Na segunda parte deste capítulo estarei contextualizando meu trabalho de campo,<br />

problematizando a maneira como construí meus dados e fornecendo ao leitor<br />

instrumentos que possibilitem desvendar, minimamente, a minha subliminaridade<br />

enquanto pesquisadora, mas principalmente, revelar o campo e ampliar o entendimento<br />

dos atores e da maneira como se relacionam neste trabalho. Ao todo, foram realizados<br />

três trabalhos de campo: em fevereiro de 1997, em agosto de 1999 e junho julho agosto<br />

de 2004. Também são consideradas três viagens que Zé de Vina e Zé Lopes, outro<br />

importante interlocutor deste trabalho, fizeram ao Rio de Janeiro, em ocasiões distintas:<br />

Zé Lopes e o Mamulengo Teatro do Riso em agosto de 1998, Zé de Vina e o Mamulengo<br />

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