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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE ...

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Ritinha: Sim, eu já vou! Eu não vou agora não, peraí, já vou, Mateus, peraí. Deixa eu<br />

ajeitar aqui um negócio, que eu estou tão ocupada. Estou dando aqui uma roupa ao<br />

freguês. Olha, Mateus, olha eu estava agora mesmo no ferro, quando tu me chamasse.<br />

Mateus: Oxente!<br />

Ritinha: Foi. Eu estava no ferro. Mateus, quando eu saio do ferro, eu entro na guia 255 ,<br />

quando eu saio da guia, entro no do ferro, óia é uma fazenda de roupa tão grande, quando<br />

bate um tempo desse, óia, Mateus, eu estou tirando 10, 12 calça por noite.<br />

(risos)<br />

Mateus: É de calça ou é de falsa.<br />

Ritinha: Tudinho. Ó, é um atrás do outro. Um querendo, o outro querendo, um querendo,<br />

o outro querendo. Pois bem, eu vou lá em cima. Ô, mestre, abre a porta d’água! (música e<br />

apita)<br />

Até que Zangô aparece, e por engano acaba matando seu padrasto, o velho Angu.<br />

A mãe quando reencontra o filho logo se dá conta de que ele matou o padrasto, e num<br />

acesso, morre também. Zangô tenta ressuscitar a mãe, mas acaba blasfemando a situação.<br />

Zangô sai de cena a fim de arranjar dinheiro para enterrar o padrasto e a mãe, mas,<br />

quando volta, o Diabo já levou os dois. Pergunta a Mateus o que aconteceu, e esse<br />

explica que foi o Diabo quem os levou. Zangô não acredita, tenta rezar, tenta louvar a<br />

mãe, mas só consegue complicar a situação: 256 “Minha mãe a senhora morreu / o que será<br />

de tu / eu desejo ver teu fim / no bico dos urubu / oi que coisa boa ela morreu / ela<br />

morreu, coisa boa / é de xibim, de xibim / di xibim, de xibim / é de baixo pra cima / é de<br />

cima pra baixo”. Quando termina, o Mateus bate na cabeça de Zangô com um pedaço do<br />

pau. Ele se assusta, mas acha que são anjos que o levarão para o céu. Repete a música, e<br />

novamente o Mateus bate na cabeça de Zangô, até que surge o Diabo e o carrega,<br />

impiedosamente, para o inferno. Esse tema do filho que maltrata a mãe e depois é<br />

castigado pelo Diabo é recorrente na literatura de cordel, provável fonte de inspiração<br />

para a passagem de Zangô. Zé de Vina diz tê-la aprendido com Sebastião Cândido. Zé<br />

255 “agulha”<br />

256 Registrada em entrevista de 11/8/1999, sobre os bonecos, na casa de Zé de Vina, Lagoa do Itaenga.<br />

286

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