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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE ...

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instrumentos dos folgazões. Meu amigo mostrou-me uma fita, gravada durante a festa,<br />

em que quase não se ouve a fala de Zé de Vina, dado o volume de som do show paralelo.<br />

Sendo poucos os que trabalham com mamulengo, as notícias rapidamente se<br />

espalham nesse contexto. Recebi telefonemas de pessoas indignadas com minhas<br />

supostas intenções de compra. Recebi recriminações no sentido de que estaria<br />

“condenando o mamulengo”, de que seria responsável pela “extinção de um mestre”,<br />

enfim, considerações dessa ordem. Mesmo assim tentava explicar minhas ingênuas<br />

intenções de arrendamento para evitar que o brinquedo fosse destinado a algum<br />

colecionador, os bonecos transformados em objetos de museu. Não que os acervos de<br />

mamulengo não tenham importância, mas, naquele momento, outras questões estavam<br />

em foco. Estaria mesmo a brincadeira de Zé de Vina em xeque? Talvez não estivesse.<br />

Foi então que uma bonequeira carioca, Ananda Machado, que conhecia Zé de<br />

Vina, me procurou. Ananda, assim como todos da “rede de pesquisadores de<br />

mamulengo”, estava preocupada com as intenções de Zé de Vina de deixar a brincadeira<br />

e teve a idéia de trazer o mestre ao Rio de Janeiro para fazer apresentações, como Zé<br />

Lopes já havia feito em agosto, por ocasião da exposição no Museu do Folclore Edison<br />

Carneiro. Zé de Vina viria em novembro, deste mesmo ano de 1998, para a estréia de<br />

uma peça de Ariano Suassuna, no Centro Cultural dos Correios 48 , onde seria montada<br />

uma exposição com seus bonecos e os de Zé Lopes, com consultoria prestada por ela, que<br />

também conseguiu apoio de uma fábrica de detergentes, que custeou as passagens até o<br />

Rio de Janeiro e apresentações em Nova Iguaçu 49 .<br />

Conseguimos estadia gratuita na Casa de Paschoal Carlos Magno 50 . Com o<br />

dinheiro dos espetáculos custearíamos a alimentação e as passagens de volta. Muito<br />

contente com a iniciativa, Zé de Vina mobilizou-se num movimento contrário: tratou de<br />

reformar seu brinquedo e encomendar bonecos novos a Zé Lopes. As críticas, da “rede de<br />

48 Está localizado na Rua Visconde de Itaboraí 20 – Centro.<br />

49 A produção do espetáculo contratou duas apresentações e conseguiu uma na inauguração da exposição<br />

montada no Museu da República, sobre os 100 anos de nascimento de Mário de Andrade, que expunha<br />

objetos e imagens de suas expedições etnográficas. Nós tratamos de conseguir mais contratos em escolas e<br />

universidades, entre as quais, a PUC-RJ, a UERJ, a Estácio de Sá, a Martins Pena, o Espaço Educação, na<br />

UNI<strong>RIO</strong> e na Praia de Ipanema. A Associação Brasileira de Teatro de Bonecos e o Museu de Folclore não<br />

puderam contratar nenhum espetáculo.<br />

50 Está situada na Rua Hermenegildo de Barros 161, Santa Teresa, em anexo ao Teatro Duse. É coordenada<br />

pelo Centro de Artes Cênicas da Funarte, e é um local de hospedagem para artistas e técnicos das artes<br />

cênicas.<br />

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