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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE ...

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173<br />

quais elas foram produzidas, ou falando de estruturas sociais sem<br />

referência às ações de pessoas que fazem juntas coisas que criam<br />

essas estruturas.”<br />

O que garante ao mamulengo a sua existência e continuidade são as redes de<br />

mamulengueiros e os processos de transmissão deste conhecimento. Poderíamos falar de<br />

“linhagens de mestres”, gerações de mamulengueiros, que através da transmissão de uma<br />

maneira específica de brincar foram contribuindo para a fixação de características ainda<br />

hoje identificáveis nos mamulengos da região. O próximo depoimento 133 sobre esses<br />

mestres nos dá a pista, sobre a linhagem de Zé de Vina, ou seja, a rede de mestres<br />

tomando como ele próprio como referência, como elo principal (Barnes, 1987):<br />

(...) e nessas alturas, vendo Biu de Sabida brincar, tinha outro mamulengueiro que<br />

brincava também, muito bom, era Severino Maçu, esse já faleceu. Pois bem, brincava<br />

Severino Maçu, brincava Sebastião Cândido, brincava Samuel. Samuel Alves de<br />

Oliveira era o nome do dono de mamulengo e irmão de Solon. Solon também tem<br />

mamulengo, brincava o mamulengo de Solon, e Samuel brincava também o<br />

mamulengo. Agora Samuel já tinha as história aprendida pelo irmão Solon. Sebastião<br />

Cândido já tinha as história de Solon. Agora de quem Solon puxou essas história eu<br />

também não vou dizer de quem foi que ele puxou essas história, qual foi o<br />

mamulengueiro que ele aprendeu. Eu sei que Solon, Samuel, Biu de Sabida, Severino<br />

Maçu, Zé de Vina, Severino da Cocada, essas introdução de mamulengo é quase uma<br />

por dentro da outra, só diferença o ritmo, o ritmo. Agora eu não estou sabendo que<br />

eles, esses que estão vivo, improvisa alguma figura de mamulengo, eles inventam<br />

qualquer coisa. Eu sei que eu mesmo faço na hora. Invento na hora quando eu quero<br />

mudar uma passagem, que aquela passagem está muito conhecida, eu mudo. Eu<br />

brinco num terreiro duas vezes, então o povo conhece o mamulengo por baixo da<br />

placa.<br />

A explicação que Zé de Vina dá ao que ele define como sendo “ritmo” aponta<br />

para a combinação entre elementos fixos transmitidos através dessa linhagem de mestres,<br />

133 Registrado em entrevista de 9/8/1999 sobre o mamulengo, na casa de Zé de Vina, em Lagoa do Itaenga.

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