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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE ...

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que eu não vou levar nada, e é um prazer de eu chegar num canto e ver um<br />

mamulengo brincar, e eles botando umas passagens, aquelas cenas de mamulengo que<br />

foi aprendida comigo, e eles falando e apoiando e aprovando, aquilo pra mim é o<br />

maior orgulho que eu tenho. Agora, a gente tem o mamulengo e não querer que<br />

ninguém aprenda... Isso aí é uma coisa muito errada. É o mesmo que uma pessoa ser<br />

professor e não querer ensinar os alunos.<br />

Ou no comentário sobre seus netos, Rogaciano e Adriano, que começam a se iniciar no<br />

mamulengo. A “mazurca de pé” de que fala Zé de Vina, é a marcação dos pés, em cima<br />

da mala de bonecos, que fica embaixo do mamulengueiro sentado numa tábua suspensa<br />

no ar. Essa marcação ajuda a manter o ritmo das músicas e produzir efeitos rítmicos,<br />

como caminhadas dos bonecos, socos e golpes durante uma briga, a queda fatal de um<br />

boneco, etc. Refere-se também ao mamulengo como uma arte a ser aprendida 191 :<br />

E agora eu tenho, criando dois netos. E espero que os dois netos vão dar pra alguma<br />

coisa. Realmente eu tenho um neto por nome Rogaciano, que ele tem uma mazurca de<br />

pé muito boa, no mamulengo. Ele tem uma mazurca de pé que às vezes eu paro, eu<br />

paro e fico olhando pra ele, e a mazurquinha de pé dele é muito bem feita. Muito bem<br />

feita mesmo. E Adriano, já bota o boneco, ele já sabe fazer o movimento do boneco. Eu<br />

olho, eu dou o boneco pra ele botar, ele já roda a boneca... agora, balança o ganzá... já<br />

bate no triângulo, toca no reco-reco. E eu espero que hoje, amanhã ou depois, eles dois<br />

aprendam a arte do mamulengo.<br />

Sobre João Galego, novamente Zé de Vina destaca a marca particular de cada mestre,<br />

independente de compartilharem da mesma linhagem. No depoimento, destaca a<br />

necessidade de existir uma hierarquia entre o mestre e o aprendiz. Aparece também,<br />

novamente, o recurso de gravações como apoio ao aprendizado de mamulengueiros que<br />

se iniciaram no mamulengo depois dos anos 1980. Me chama atenção o comentário de Zé<br />

sobre a ausência de histórias e diálogos no mamulengo de João Galego, cuja maior parte<br />

das passagens são os bonecos dançando ao som das músicas cantadas por ele e sua<br />

191 Idem.<br />

218

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