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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE ...

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de Vina, requisitando do mestre orientações a respeito de detalhes da forma, de<br />

mecanismos para a manipulação, e principalmente, que personagem seria correspondente<br />

a este boneco. Temos aqui a mesma relação de imposição do protótipo ao artista e do<br />

recipiente ao artista, como no exemplo apontado acima. Zé de Vina comenta este<br />

procedimento com Zé Lopes: 220<br />

Quando ele [Zé Lopes] fabricava um boneco, mandava me chamar pra eu olhar pro<br />

boneco: “O que é que tu acha, Zé, desse boneco? Eu digo, mas quem está fabricando...<br />

Não, mas eu estou fabricando, mas eu só quero terminar o boneco quando você ver<br />

como é que faz, como é que termina esse boneco, o que é que precisa, desse boneco,<br />

como é o nome desse boneco, o que é que está faltando”. Eu pegava o boneco, botava<br />

na mão, apoiava, dava o boneco, entregava... dava o maior apoio a ele, pra ele terminar<br />

aquele boneco. Foi um bocado de tempo nessa pisada.<br />

256<br />

Também Saúba, que como vimos, faz bonecos para serem vendidos em outros<br />

circuitos, inclusive para peças teatrais de artistas como Antonio Nóbrega 221 , fala dessa<br />

necessidade de o boneco estar animado, como condição para ser um boneco de<br />

mamulengo. Nesse trecho da entrevista, Saúba destaca a importância da animação, e<br />

critica a maneira como os bonecos são expostos nos museus. O desconforto dele é tal,<br />

que ele sonha em fazer um projeto da criação de um museu do mamulengo em sua casa<br />

em Carpina, onde ele criaria mecanismos para a animação dos bonecos, de modo que<br />

estes ficassem expostos em movimentação. Nossa conversa sobre a importância da<br />

animação se iniciou com perguntas que fiz relacionadas à sua frequência ao catimbó e ao<br />

xangô, pois como já apontei pode ser feita uma relação entre a incorporação de<br />

encantados nesses cultos e a manipulação de bonecos. Vejamos 222 :<br />

Adriana: E você estava falando de catimbó e tal... Você é do xangô, você gosta de<br />

freqüentar?<br />

220 Entrevista em Lagoa de Itaenga – PE, julho de 2004.<br />

221 Diretor do Teatro Brincante em São Paulo. Integrou o grupo Quinteto Armorial em Pernambuco. O<br />

grupo foi integrante do Movimento Armorial idealizado entre outros, por Ariano Suassuna.<br />

222 Entrevista julho de 2004, em Carpina - PE.

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