16.04.2013 Views

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE ...

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE ...

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

autoridade do etnógrafo passam a ser questionados e problematizados de forma<br />

contundente (Clifford & Marcus, 1986; Clifford, 2002; Stoking Jr., 1985; Comaroff,<br />

1992, Geertz, 2002). Inicia-se um debate na antropologia, que amplia o conceito de<br />

etnografia e por vezes nos aproxima a questões da literatura. Paralelo a isso, os antigos<br />

vínculos da antropologia a projetos coloniais evidenciavam ainda mais a necessidade de<br />

dissecar o etnógrafo e a sua produção de conhecimento, nos ensinando que:<br />

“Ethnography, to extend the point, is not a vain attempt at<br />

literal translation, in which we take over the mantle of other’s being,<br />

conceived of as somehow commensurate with our own. It is a<br />

historically situated mode of undestanding historically situated<br />

contexts, each with its own, perhaps radically different, kinds of<br />

subjects and subjectivities, objects and objectives.” (Comaroff, 1992:<br />

9 e 10).<br />

O contexto atual é outro, mas algumas destas questões persistem, se insistirmos na<br />

“mágica etnográfica” (Stoking Jr., 1985: 112), como prática para dar coerência e<br />

uniformidade a nossos objetos. Como, na literatura sobre o tema 38 que percorri este é o<br />

primeiro trabalho sobre o mamulengo escrito sob a perspectiva antropológica, mais<br />

propriamente, etnográfica, optei por destacar alguns dados de meu trabalho de campo,<br />

que possam ser esclarecedores para o leitor sobre o contexto em que e como me inseri,<br />

além de revelar a construção de meu olhar.<br />

Minha intenção não é dialogar com a antropologia reflexiva, transformando minha<br />

etnografia em autobiografia, mas sim chamar atenção a cuidados metodológicos<br />

relevantes para o tratamento de determinados objetos, compreendidos sob escopo da<br />

cultura popular, e que até bem pouco tempo atrás ainda eram especialidade dos<br />

folcloristas, mas que nas últimas décadas vêm se incorporando cada vez mais aos<br />

interesses da disciplina no Brasil, “concorrendo” com temas clássicos do cânone da<br />

antropologia brasileira, a saber, a etnologia indígena, os temas afro-brasileiros e a<br />

antropologia urbana. Assim, compartilho das preocupações de Bourdieu (1968) sobre<br />

campo intelectual, tanto para entender a recente ampliação destes temas como objeto de<br />

38 Refiro-me aos trabalhos de Brochado (2005), Borba Filho (1987), Santos (1979) e Pimentel (1971).<br />

61

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!