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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE ...

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sem contar os fenômenos estéticos em que resultam esses fatos e os fenômenos<br />

morfológicos que essas instituições manifestam” (idem: 187). Assim, este exercício<br />

comparativo das brincadeiras, aparentemente no plano estético, porque a forma é um foco<br />

privilegiado, mas não somente, pois a entendo como algo pleno de conteúdo, estará nos<br />

fornecendo algumas chaves para a operacionalidade do mamulengo, de outros brinquedos<br />

e do sistema social no qual estão imersos.<br />

Um primeiro entendimento para a noção de brincadeira é aquela mais óbvia<br />

conectada à função de divertimento, nos remetendo a um tempo anterior à popularização<br />

da televisão, por exemplo, quando estas manifestações eram as únicas opções de lazer na<br />

Zona da Mata. Como fica claro, nesta fala de Biu Tomás, o violeiro que cantou o repente<br />

do início deste capítulo 66 :<br />

o povo... antigamente, aqui, essa região era a região da cultura mesmo, da enxada, do<br />

trabalhador da roça. O povo não tinha conhecimento com outra coisa, então a<br />

brincadeira era essa. Batia o sábado à noite, o domingo... aí era cavalo-marinho,<br />

mamulengo, ciranda, coco de roda e cantoria de viola. O maracatu existia, já existe há<br />

muito tempo, mas duns vinte anos pra cá foi que aumentou mais, o maracatu, o povo<br />

foi gostando do maracatu e hoje em dia o povo tem muita paixão por maracatu. Cê vê<br />

que na áreas da mata tem o nome agora a cidade do maracatu, terra do maracatu... o<br />

prefeito de lá botou... Aliança também é muito antes de Nazaré, cultura do maracatu.<br />

Ferreiros também tem maracatu. Timbaúba é que não tem. Parece que tavam ajeitando<br />

um pra lá, não sei se tem, não.... vou confirmar se tem maracatu na cidade de<br />

Timbaúba. Então aqui tem maracatu, tem parece que três ou quatro. Limoeiro não tem<br />

maracatu, em Limoeiro o povo não... Vem de Limoeiro, mas o povo não conhece. Feira<br />

Nova tem dois maracatus. Glória do Goitá tem dois, Vitória tem um... Vitória é muito<br />

grande, mas só tem um maracatu. Até o maracatu de Vitória é acompanhado com<br />

buzina. Buzina é um instrumento desse tamanho, de lata, que bota com... Não é com<br />

músico acompanhando, como os daqui. E eu acho até muito bonito, a entoação do<br />

músico... e aqui, nos maracatus aqui chamam “porca”, né? Ou cuíca, como eles<br />

queiram chamar. Aí o cabra vem... puxando ela. E o de lá, com essa buzina, que entoa<br />

66 Em entrevista em Lagoa de Itaenga – PE, junho de 2004.<br />

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