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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE ...

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ecepção dos objetos. Assim, a arte seria mais um processo social, tal como a política, as<br />

trocas, a religião, o parentesco, etc. Dessa maneira, Gell tenta evitar a essencialização<br />

daquilo que seria arte, definindo-a através de suas mediações e contextos, distanciando-se<br />

de propostas mais estéticas, semióticas, interpretativas e institucionais, e demarcando<br />

assim o campo específico para a antropologia da arte. Da mesma forma que, para o meu<br />

caso, realizar uma etnografia do mamulengo é uma tentativa de driblar interpretações<br />

mais generalistas e estéticas, ou discussões que o definam ou não como teatro, procuro<br />

entender o mamulengo dentro de seus próprios processos sociais e da ação de seus atores.<br />

242<br />

Pareceu-me interessante as discussões de Gell com outros trabalhos, tais como os<br />

de Bourdieu (1969 e 1996) e de Price (2000). Em Price (2000), mas, sobretudo, em<br />

Bourdieu (1969 e 1996), há uma ênfase numa abordagem mais sociológica, quando<br />

observam que a legitimação institucional é responsável pela determinação daquilo que é<br />

ou não arte, numa crítica a instituições como museus e galerias, e os detentores das<br />

discriminações do gosto e dos valores que ditam as regras da arte, como os marchands,<br />

os críticos e os colecionadores. Nestas críticas também reivindicam, ressaltando, a<br />

existência de estéticas e funções distintas, principalmente Price (idem), em consonância<br />

com uma abordagem relativista da cultura, tal qual iniciada em Boas (2004) 211 , e a<br />

preocupação de se encontrar um espaço legítimo para a apreciação, entendimento e<br />

consumo da arte “étnica”, ou “primitiva”, problematizando questões como autoria e<br />

conceituação de coleções, contextualização, entre outras.<br />

Gell (1998: 1-11), sem discordar destas críticas, chama atenção de que estas não<br />

seriam preocupações de uma antropologia da arte, pois seriam abordagens um tanto<br />

culturalistas e sociológicas, contrapondo-se ao entendimento de cultura como uma<br />

invenção da antropologia, que por sua vez é compreendida por ele como sendo o estudo<br />

das ações sociais e a interação entre seus agentes:<br />

211 Ver também: Stocking, Jr. (2004).<br />

“My view is that in so far as anthropology has a specific<br />

subject-matter at all, that subject-matter is ‘social relationships’ —<br />

relationships between participants in social systems of various kinds.<br />

(...) Culture has no existence independently of its manifestations in<br />

social interactions; this is true even if one sits someone down and asks

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