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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE ...

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APÊNDICE I: Relações entre o mamulengo e outras tradições de bonecos<br />

populares.<br />

Uma associação que se faz ao mamulengo tem sido a sua relação com a commedia<br />

dell’arte 293 italiana. Autores como Hermilo Borba Filho, Ariano Suassuna e Altimar de<br />

Alencar Pimentel fazem ligações entre o que se destinou chamar de “personagens do<br />

populário nordestino” com essa tradição cômica teatral. Borba Filho (1966:113), por sua<br />

vez, faz comparações entre a estrutura desses tipos de teatro:<br />

328<br />

“O espetáculo, como acontece com o de todos os<br />

mamulengueiros é, na sua maior parte, improvisado. É claro que ele<br />

tem um roteiro para a história, jamais escrita, mas os diálogos são<br />

inventados na hora, ao sabor das circunstâncias e de acordo com a<br />

reação do público. É mais um ponto de contato do teatro de bonecos<br />

com a commedia dell’arte”.<br />

Indo além, compara a própria rigidez expressiva dos bonecos com as antigas máscaras:<br />

“Num mamulengo nada é verdadeiro, a começar pela própria<br />

figura da qual se vê apenas a metade do corpo e, menos do que isto,<br />

somente o rosto, porque já se sabe que o seu corpo é constituído pela<br />

mão do mamulengueiro; a constituição do seu rosto: madeira,<br />

papelão, massa, onde o olhar é fixo, imóvel, reminiscência das<br />

máscaras do teatro grego, das atelanas, da commedia dell’arte”<br />

(Borba Filho, 1966: 127-128).<br />

No prefácio de A pena e a lei (Suassuna, 1971: 20), Sábato Magaldi analisa a<br />

construção dos personagens de Ariano Suassuna com a mesma referência comparativa:<br />

“A pena e a lei é uma súmula do teatro. Síntese de fontes<br />

populares e de exigente inspiração erudita, ‘Commedia dell’Arte’ e<br />

293 Segundo Pavis (1999: 61): “A Commedia dell’arte era, antigamente, denominada commedia all<br />

improviso, commedia a soggetto, commedia di zanni, ou, na França, comédia italiana, comédia das<br />

máscaras. Foi somente no século XVIII (segundo C. MIC, 1927) que essa forma teatral, existente desde<br />

meados do século XVI, passou a denominar-se Commedia dell’arte – a arte significando ao mesmo tempo<br />

arte, habilidade, técnica e o lado profissional dos comediantes, que sempre eram pessoas do ofício. Não se<br />

sabe ao certo se a Commedia dell’arte descende diretamente das farsas atelanas* romanas ou do mimo<br />

antigo: pesquisas recentes puseram em dúvida a etimologia de Zanni (criado, cômico) que se acreditava<br />

derivado de Sannio, bufão da atelana romana. Em contrapartida, parece ser verdade que tais formas<br />

populares, às quais se devem juntar os saltimbancos, malabaristas e bufões do Renascimento e das<br />

comédias populares e dialetais de RUZZANTE (1502-1542), prepararam o terreno para a commedia.”

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