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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE ...

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mamulengo de tarde, descarreguemo o cavalo, (...) desarmemo o mamulengo, botamos<br />

prá lá e tal e aí chegou um negão, bem alto, feio e disse “De quem é esse<br />

mamulengo?”, eu digo “É meu cidadão”, ele disse “Presta?”, eu digo “Não sei-o, se<br />

presta eu não sei-o, o povo é quem vai julgar” “Como é o seu nome”, eu digo “Zé de<br />

Vina” “Olhe, mamulengo aqui só brinca o de Pedro Rosa, que se brincar que nem<br />

Pedro Rosa brinca, se não brincar a gente acaba. Tá vendo isso aí atrás?” “Eu tô<br />

vendo”, “É duas cuia que tinha, faz 15 dias que morreu dois cara aqui, vem brincar<br />

um cavalo marinho, num prestou e nós matemos, não foi eu, foi outros cara aí que<br />

matou”. “Eu digo, mas eu tenho certeza que vocês não vão fazer isso não, porque se<br />

brincadeira não estiver de agrado, aí vão se embora e eu fico só e outra coisa, você não<br />

sabe que o santo da terra tem mais poder, porque o santo quando vem de fora não tem<br />

muito poder”. “Vamos ver”, fui lá prá dentro, demorou, armemos a barraca todinha,<br />

os menino armaram a barraca, deixou tudo pronto, (...) aí quando foi na hora que eu<br />

entrei na torda do mamulengo, o mamulengo muita gente, a máquina de carbureto<br />

assim, o terreiro iluminado, muita gente mesmo, muita mulher, muita criança, gente<br />

adulta todo canto, terreiro com muita gente, aí eu entrar prá dentro da barraca, tirei a<br />

camisa, arregacei a calça, tirei o pé da alpercata, botei meu tamanco e me assentei na<br />

mala prá dar início ao mamulengo,(...) eles queriam fazer o mal isso era uma certeza, o<br />

povo todo antigo e eu menino moço, não tinha experiência, só tinha experiência de<br />

apresenta boneco ao povo, aí comecei o mamulengo, botei o Caroca, botei a Catirina,<br />

botei Manuel Pancarú, botei Simão procurando emprego, botei Manuel Pancarú<br />

procurando empregado, botei Colotide, botei Tia Odete, fiz o despejo, botei o Chico da<br />

Porca, botei a Bianor e saí por aí traquejando, botei o Caso Sério, botei a passagem da<br />

cobra, botei Xôxa, botei o velho papa-cobra e saí por aí traquejando e quando foi já<br />

tarde, aí eu botei a passagem de Joaquim Bozó(...) aí quando eu terminei aquela<br />

passagem todinha, daí continuei que tava perto de clarear o dia eu botei a mudança de<br />

Simão(...) aí a despedida, né(...) “Muito bem, foi tudo bem” aí eu saí molhado de suor,<br />

botei a camisa nas costas, o pé ainda tava no tamanco, entrei na venda (...) aí rodeou<br />

aquela turma de gente assim, junto de mim, e eu com medo, tal e o negão tava lá no pé<br />

da parede, o negão disse, olhô prá mim e disse, “Você é da onde mesmo?”, eu digo,<br />

“Glória de Goitá”, “Você brinca manifestado, você brinca e o Diabo lhe ajuda?”, eu<br />

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