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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE ...

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contarmos nossa vida, em geral tentamos estabelecer uma certa<br />

coerência por meio de laços lógicos entre acontecimentos chaves (que<br />

aparecem então de uma forma cada vez mais solidificada e<br />

estereotipada), e de uma continuidade, resultante da ordenação<br />

cronológica. Através desse trabalho de reconstrução de si mesmo o<br />

indivíduo tende a definir seu lugar social e suas relações com os<br />

outros”.<br />

No caso de Zé de Vina, as intenções e o contexto contemporâneo em que este tipo<br />

de pesquisa está inserido, esta possibilidade de “manipular” informações se torna mais<br />

evidente. Por isso, tendo a analisar os conteúdos provindos das histórias de vida dos<br />

sujeitos de minha pesquisa, e dos conteúdos orais coletados, levando em consideração<br />

estes ruídos e, claro, o contexto em que foram realizados. Procuro sempre compará-los<br />

com outros materiais, em especial os oriundos da observação em campo. Assim, busco<br />

utilizar as narrativas dos artistas e demais interlocutores menos a partir de seu corpus<br />

informativo e mais através de suas várias camadas de entendimento (Rapport & Overing,<br />

2000: 289):<br />

“Through the performance of narratives, individuals write and<br />

rewrite the story of their selves and their worlds, and while the means<br />

of doing this is a bricolage of largely inherited cultural forms – words,<br />

images, behaviors – it is not society or culture which they embody so<br />

much as individual agency and consciousness. Narrative form<br />

becomes personalized in use, and individuals continue to write stories<br />

which depict their own world-views. Narrative comes to express<br />

nothing so well as he unique and undetermined nature of the lives<br />

lived through them.”<br />

Vale destacar no contexto dessa breve discussão a exclusão do mamulengo dos<br />

cânones teatrais, até mesmo historiográficos do teatro brasileiro. Isso pode ser atestado<br />

pela escassa documentação disponível a seu respeito, por sua circunscrição ao campo<br />

intelectual mais tradicional dos estudos de folclore, e pela situação em que se encontram<br />

os artistas, geralmente à margem dos circuitos oficiais de apoio à cultura. Por isso, a<br />

construção de fontes, especialmente orais, é uma necessidade contundente a este trabalho.<br />

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