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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE ...

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1.3 O trabalho de campo de 1999.<br />

Em agosto de 1999 planejei uma nova viagem a Pernambuco com propósitos de<br />

realizar a pesquisa de forma mais sistemática. Dessa vez iríamos eu, e outros<br />

pesquisadores, Gustavo Pacheco, Maria Clara Abreu e Edmundo Pereira. Contactei os<br />

mestres Zé de Vina e Zé Lopes, e marquei a viagem. Prontamente colocaram-se à<br />

disposição para nos receber e nos convidaram a ficar hospedados em suas casas. Foram<br />

sete dias de trabalho intenso, definitivo, por conta da qualidade do material conseguido.<br />

Mesmo estando vinculada a um programa de pós-graduação, não havia verba para<br />

realização de trabalho de campo, e custeei a viagem com recursos próprios.<br />

A primeira ação foi uma reunião com Zé de Vina, em que expus minimamente os<br />

planos de pesquisa para o mestrado. Tentei explicar que o trabalho resultaria em uma<br />

espécie de livro. Durante a exposição, frisei a necessidade de estabelecermos uma<br />

parceria, em que meu trabalho como pesquisadora seria o de organizar os próprios relatos<br />

de sua vivência como mestre de mamulengo. Tendo em mente a imagem de uma via de<br />

mão dupla, pensamos juntos sobre possíveis retornos práticos do trabalho, como, por<br />

exemplo, cópias do material em cassete para serem distribuídas por ele, fotografias, o<br />

próprio “livro” como documento de valorização do mamulengo, apresentações do<br />

brinquedo no Rio de Janeiro e a presença dos mestres no dia da defesa da dissertação. Zé<br />

de Vina concordou com tudo que foi colocado.<br />

Foi nessa ocasião que gravamos um CD com passagens completas de mamulengo,<br />

além de loas e repertório de toadas de Zé de Vina. A gravação foi feita na sala da casa de<br />

Zé de Vina e ficou excelente não só pelo conteúdo, mas também pela qualidade técnica<br />

que conseguimos atingir. Além de João do Pandeiro e Armando, Zé de Vina foi<br />

acompanhado também por Manivinha e Totinha, brincantes e tocadores do Cavalo-<br />

Marinho Boi Tira-Teima, que em 2004, havia mudado seu nome para Boi da Maliça, e de<br />

seus filhos Paulo e Everaldo.<br />

Conheci também outros artistas, como Mané Barros, um senhor que “toma conta<br />

das figuras” 51 do Cavalo-Marinho Boi Estrela — fundado, possivelmente em 1962 — e<br />

51 Figura é o nome que se dá aos personagens do cavalo-marinho nessa região. Tomar conta das figuras<br />

significa ser proprietário das máscaras, dos bonecos, dos figurinos, do Boi, da Burrinha, da Ema, entre<br />

outros.<br />

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