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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE ...

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apresentar mamulengo, aí separou-se de barraca de mamulengo. Que ele andava mais<br />

eu, era dentro dos mamulengos direto. Então depois que ele aprendeu a fazer<br />

apresentação, ele se separou de mim de apresentação de mamulengo. Realmente, uma<br />

vez ele estava parado, sem ter mamulengo, o mamulengo dele estava lá, ele estava<br />

numa crise meio desmantelada e veio na minha casa, pedindo a mim pra eu sair com<br />

ele pra fazer uns tratos de mamulengo. Que eu tinha muito conhecimento de<br />

mamulengo, e ele estava sem brincar. O mamulengo dele estava parado e ele não tinha<br />

brincadeira pra brincar. Aí ele veio aqui em Lagoa de Itaenga, falou comigo pra eu<br />

fazer uns tratos de mamulengo e tirar o mamulengo com ele, que o negócio estava<br />

muito ruim.<br />

Nesse depoimento 171 sobre sua época como cantor e compositor, na Banda<br />

Tropical, novamente Zé Lopes refere-se ao mamulengo como sendo “mais tradicional”.<br />

Acredito que a escolha que ele faz pelo mamulengo tem conexão com as maiores<br />

possibilidades de trabalho que este tipo de manifestação oferece nesses novos contextos e<br />

circuitos de cultura popular, que no caso de Zé Lopes, são ampliados pelo seu talento<br />

como artesão. Ser “mais tradiconal” nesse sentido é agregar valor e, talvez, status,<br />

portanto, ser mamulengueiro é uma maneira bastante eficaz de se diferenciar neste<br />

mundo artístico da Zona da Mata (Becker, 1982):<br />

(...) acabei porque aqui em Glória é muito difícil conseguir músico, aí eu dei<br />

preferência com o mamulengo porque é mais tradicional.<br />

No contato com os mestres, Zé Lopes era um aprendiz atento, observador, curioso<br />

e de boa memória. Por ter trabalhado com música e circo, tinha desenvolvido aptidões<br />

vocais: um bom domínio de tipos diferentes de voz, além de ser um bom cantor. A essas<br />

características promissoras e necessárias para se tornar um bom mestre de mamulengo,<br />

171 Registrado em entrevista de 8/8/1999 sobre a história de vida de Zé Lopes, em sua casa, em Glória do<br />

Goitá.<br />

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