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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE ...

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povo, um dia... chegar um dia de reconhecer. Até chegar chamar a gente, a gente pode<br />

até chegar lá... Não com essa equipe, como a gente... que a senhora vai apresentar,<br />

com essas fotos que tirou... pode ser mais mudado, porque não vai ser desse jeito. (...)<br />

Como realmente você é uma artista também, que a pessoa que sai dos seus país pra vir<br />

aqui, de qualquer lugar, à procura desses trabalhos da cultura, do folclore, né? Aí,<br />

então, se trata de uma dignidade, um artista, uma pessoa descarente, né? Uma<br />

pessoa... sei lá! Eu não sei nem informar, porque eu sei que é uma dificuldade muito<br />

grande, não é? Por que pela primeira vez nós tamos recebendo aqui uma pessoa do Rio<br />

de Janeiro, vim à cidade em Passira... Olha, pai. Não é bonito?<br />

A minha relação com Zé de Vina influenciou também sua brincadeira,<br />

provocando transformações. Da mesma forma que eu aprendi a conhecer o mamulengo,<br />

Zé de Vina também foi tocado por valores, que mesmo inconscientemente, eu acabara<br />

por veicular. Por exemplo, sempre me surpreendia a transformação da barraca de Zé de<br />

Vina e os elementos que a compunham. Desde o episódio da tentativa de venda dos<br />

bonecos, em 1997, vim observando isto sistematicamente. Quando Zé veio ao Rio em<br />

2001, para a defesa da minha dissertação de mestrado, sua barraca tinha se transformado,<br />

e muitos dos seus bonecos tinham passado por uma reforma, e outros foram adquiridos.<br />

Dessa vez, Zé chegou ao Rio com tecidos novos para a barraca, os bonecos de neve, tipo<br />

enfeites natalinos, que antes enfeitavam o fundo, deram lugar a um manto de maracatú,<br />

ricamente bordado. A placa era, naquele momento, pintada com acabamento,<br />

possivelmente por alguém acostumado a pintar letreiros, as letras em azul, e lembro-me<br />

de ter comentado com ele, algo do tipo: “preferia a placa de antes”. Durante a sua estadia,<br />

encomendou um painel para um conhecido meu, que era pintor, onde se via Zé de Vina e<br />

seus folgazões, tal como uma caricatura, e atrás o Morro do Corcovado com o Cristo<br />

Redentor. No desenho, Zé pediu ao pintor que desenhasse sua mãe, a Dona Vina, a partir<br />

de uma foto que ele sempre trás em sua carteira. Em 2004, a placa estava novamente<br />

diferente. Tinha voltado a ser pintada à mão, com outros dizeres, dessa vez sem o nome<br />

de João do Pandeiro. Os dizeres eram os seguintes: Mamulengo Riso do Povo / Fundado<br />

302<br />

em 1957 e Restaurado em 1997 / Lagoa de Itaenga – PE / Fone: 36531881 / Mestre Zé

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