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Scripta 9_2_link_final.pdf - Uniandrade

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Em ambos os ensaios O’Shea apresenta e justifica algumas soluções<br />

tradutórias que evidenciam a coerência do seu projeto. Em “Antony and<br />

Cleopatra em tradução” (1997, p. 30), destacamos o relato a respeito de um<br />

trocadilho que foi possível reproduzir (Ato I, cena 5):<br />

[...] debatendo-se no tédio da ausência de Antônio, Cleópatra provoca<br />

Mardiano, o eunuco, com a pergunta: “Hast thou affections?” O eunuco<br />

responde, timidamente, “Yes, gracious madam.” E Cleópatra diz, “Indeed?”<br />

A resposta de Mardiano revela sua percepção de double entendre nas palavras<br />

da rainha: “Not in deed, madam, for I can do nothing / But what indeed is honest<br />

to be done”. Valendo-me da insinuação à condição no eunuco sugerida pela<br />

expressão “de fato”, que remete sonora e semanticamente à noção de ‘ato”,<br />

espero ter preservado o trocadilho de Cleópatra:<br />

Cleo. . . . conheces o desejo?<br />

Mard. Sim, gentil senhora.<br />

Cleo. De fato?<br />

Mard. De fato, não senhora; nenhum ato<br />

Posso cometer que não seja casto.<br />

No ensaio que acompanha Cimbeline, Um exemplo é a tradução<br />

proposta para a fala de Cecílio, pai de Póstumo, na cena 5 do quinto ato,<br />

quando se refere à águia de Júpiter:<br />

His royal bird<br />

Preens the immortal wing.<br />

Como explica o tradutor, a forma literal — “Sua ave real” — não<br />

seria adequada, por criar uma elisão que resulta foneticamente no adjetivo<br />

“suave”. Sua opção foi, então, omitir o pronome possessivo, visto que o<br />

contexto já esclarece qual é o referente; a solução escolhida foi “A ave<br />

nobre”.<br />

Já a edição de O conto do inverno (Iluminuras, 2007) não inclui um<br />

ensaio do tradutor, mas traz notas bastante esclarecedoras no que diz respeito<br />

a estratégias e soluções tradutórias. A nota 3 (p. 39), por exemplo, informa<br />

que “[o] nome do jovem príncipe [Mamillius] permanece na forma original,<br />

a fim de ser evitada a cacofonia flagrante da opção aportuguesada Mamílio”.<br />

<strong>Scripta</strong> <strong>Uniandrade</strong>, v. 9, n. 2, jul.-dez. 2011<br />

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