25.06.2013 Views

Scripta 9_2_link_final.pdf - Uniandrade

Scripta 9_2_link_final.pdf - Uniandrade

Scripta 9_2_link_final.pdf - Uniandrade

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Como consequência, essa utopia, assimilada aqui, sofreu um processo<br />

de inversão. O pensamento, a política e as artes contiveram, ao menos até<br />

as drásticas mudanças ocorridas na pós-modernidade, o elemento utópico:<br />

a Europa era um ideal a ser alcançado. A imagem que aqui fora decalcada<br />

se invertera. Para Fernando Ainsa (1984):<br />

El estudio de los diferentes modelos e intenciones utópicas subyacentes en<br />

la historia de América Latina debe encararse con una perspectiva<br />

“enciclopedica”, donde se rescate con “voracidad antropológica” todo lo<br />

iniciado y no consumado en el pensamiento, la política y la cultura americana.<br />

Este rico panorama permite entender el vigor que ha tenido la función<br />

utópica en los diferentes modos de expresión en que se ha traducido: de la<br />

filosofía a las artes, de las plataformas políticas a las experiencias alternativas<br />

llevadas a cabo en su territorio. “No se puede entender América si se olvida<br />

que somos un capítulo de la historia de las utopías europeas”, propone<br />

Octavio Paz. (p. 106)<br />

Diferentemente dos Estados Unidos e Canadá, colonizados por<br />

Inglaterra e França, o processo civilizatório ibérico será conformado, no<br />

centro e no sul, pela miscigenação, gerando aqui um homem contido pelo<br />

índio, o europeu e o negro africano. Os libertadores centro e sul americanos,<br />

eles mesmos mestiços, reconheceram-se como filhos abandonados pelo<br />

velho continente, pretenderam a unificação da América e a construção de<br />

uma identidade dialógica que se mostrasse ao mundo.<br />

No Brasil, circunscrito ao litoral e com uma imensa barreira de<br />

florestas e pântanos a separá-lo do restante da América – e por isso menos<br />

suscetível àquelas influências externas –, a independência será fruto da<br />

composição de interesses de classes ligadas a Portugal. O incipiente<br />

sentimento nacionalista do <strong>final</strong> do século XVIII, percebido na literatura<br />

árcade, será ampliado, após 1822, nos elementos naturais e na concepção<br />

cavalheiresca do indígena do Romantismo – elementos que seriam já o<br />

indício de uma busca de identidade, mesmo que delineada pelas concepções<br />

de homem e de universo fundadas na Europa. A ideia de país novo, a ser<br />

construído – país do futuro –, que se encontra latente nas obras românticas,<br />

cederá lugar à ideia de país subdesenvolvido, no <strong>final</strong> do século XIX<br />

(CANDIDO, 1989, p. 158), quando então se acreditava dever buscar a<br />

superação do atraso e atingir a evolução econômica e cultural europeia.<br />

<strong>Scripta</strong> <strong>Uniandrade</strong>, v. 9, n. 2, jul.-dez. 2011 37

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!