Scripta 9_2_link_final.pdf - Uniandrade
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prisão; anulação da sentença imposta aos quatro acusados, após<br />
cumprimento de 15 anos da pena.<br />
Além dos fatos divulgados, a narrativa fílmica (re)cria algumas<br />
experiências vivenciadas por Conlon, relatadas por ele em sua autobiografia:<br />
o roubo de dinheiro da casa de uma prostituta, a explicação da origem do<br />
nome do pai, o fato de ter praticado pequenos roubos na Irlanda, o fervor<br />
religioso do país, a falta de oportunidades de trabalhos na Irlanda, o<br />
problema de saúde do pai, a atitude dos oficiais britânicos em relação à<br />
população irlandesa, a decisão de mudar-se para a Inglaterra, o retorno a<br />
Belfast, o envolvimento com drogas, a violência a ele infringida pelos oficiais<br />
britânicos durante o interrogatório, a ameaça durante o interrogatório ao<br />
bem-estar de sua família, o comportamento despreocupado dos quatro<br />
acusados durante o primeiro julgamento, a declaração do juiz de que, se<br />
existisse a pena de morte por traição, não hesitaria em aplicá-la ao caso, a<br />
convivência na prisão com os responsáveis pelo ato terrorista em Guildford,<br />
a rebelião dos presos, os transtornos psicológicos, a consequência da injustiça,<br />
o preconceito em relação aos prisioneiros irlandeses nas prisões inglesas e a<br />
decisão de Conlon de sair do tribunal pela porta da frente.<br />
Em relação ao processo de transposição fílmica, vale lembrar que<br />
as mudanças realizadas – uso de ficção, alteração e invenção são elementos<br />
inerentes ao processo de adaptação fílmica. Estudos realizados sobre o<br />
assunto (HUTCHEON, 2006; McFARLANE, 1996; SANDERS, 2006;<br />
SEGER, 2007; STAM, 2006) enfatizam que o sucesso de uma adaptação é<br />
obtido através da ousadia dos idealizadores do filme em (re)criar. Ao fazer<br />
isso, o resultado é, inevitalmente, parcial, pessoal, conjuntural e resultado de<br />
interesses específicos (STAM, 2006, p. 27).<br />
Como a média de duração dos longa-metragens contemporâneos<br />
é de 90 minutos (DOMAILLE, p. 27, 2001), seus realizadores são obrigados<br />
a fazer escolhas, que, em consonância com Hutcheon (2006, p. 95), são<br />
realizadas levando-se em conta o ponto de vista pessoal do adaptador,<br />
fatores culturais e históricos. Isso ocorre em Em nome do pai, que conta a<br />
história de 15 anos da vida de uma pessoa em 133 minutos, de modo que<br />
é necessário eliminar, condensar, adicionar e/ou alterar situações, temas e<br />
personagens.<br />
Além do mais, a adaptação tem a ver com ideologias e discursos<br />
sociais podendo tornar-se, conforme é explicado por STAM (2006, p. 48),<br />
um barômetro das tendências ideológicas do momento. O filme não espelha<br />
<strong>Scripta</strong> <strong>Uniandrade</strong>, v. 9, n. 2, jul.-dez. 2011 57