Scripta 9_2_link_final.pdf - Uniandrade
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No texto fílmico, a cena inicia-se com um close-up, em primeiro<br />
plano, focalizando, logo em seguida, um dos alunos de Vivian, para o qual<br />
ela fez uma pergunta sobre o soneto. A seguir, a imagem, com o<br />
deslocamento da câmera em direção à Vivian em movimento, faz o<br />
espectador perceber que houve, novamente, uma inversão de diálogos,<br />
pois primeiramente a professora dá a “lição no aluno” e somente depois,<br />
voltando ao presente, reflete sobre a imaturidade do estudante em questão.<br />
Nessa sequencia, vários diálogos são suprimidos na adaptação do texto<br />
cênico para o filme. Marcel Martin chama essa supressão de fatos de elipse<br />
objetiva, e explica que ela “pode ser exigida para uma sustentação dramática<br />
do enredo, evitando assim uma ruptura da unidade de tom omitindo um<br />
incidente que não se adapta ao clima geral da cena” (MARTIN, 2007, p. 78).<br />
Nesse caso, o debate, presente no texto cênico, entre Vivian e o<br />
Estudante 2 sobre o exemplo de sagacidade de espírito presente em John<br />
Donne e a ironização de alguns estudantes sobre a escansão silábica dos<br />
poemas ficam omitidos, de modo a evitar a quebra de sentimento e o<br />
clima de silêncio. Após essa omissão, a adaptação fílmica apresenta como<br />
continuidade da cena, a explicação do poema pela professora universitária.<br />
É possível visualizar o rosto de Jason estudando, o que reafirma a condição<br />
dele como ex-aluno e conhecido de Vivian (Fig. 12). Ao fim da aula, um<br />
estudante pede um adiamento de prazo para a entrega de um trabalho<br />
devido à morte de sua avó, pedido que é sumariamente recusado por<br />
Vivian (Figs. 13 e 14).<br />
Nesta cena, percebe-se que, após Vivian voltar de seu estado<br />
memorialístico, sente remorso por ter tratado o estudante daquela forma,<br />
pois agora entende como feriu seus sentimentos. O posicionamento da<br />
câmera em plongée 1 contribui para reforçar a ideia de reavaliação de sua<br />
condição existencial (Fig. 15).<br />
<strong>Scripta</strong> <strong>Uniandrade</strong>, v. 9, n. 2, jul.-dez. 2011<br />
Fig. 12 – 00:55:20:60<br />
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