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Scripta 9_2_link_final.pdf - Uniandrade

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parceria com Terry George. Tanto Sheridan 1 como George 2 são irlandeses,<br />

de Dublin e Belfast, respectivamente, o que torna possível inferir que, por<br />

terem morado na Irlanda durante o período das ações mais radicais do<br />

IRA, vivenciaram e/ou testemunharam algumas delas. Dessa forma, ambos<br />

têm condições de retratar os fatos com maior precisão. Além do mais, o<br />

próprio George, em entrevista concedida a Robert Brent Toplin (1999),<br />

afirma que, na condição de cineasta, é impossível manter uma postura<br />

neutra. Segundo ele, o idealizador de um filme tem um forte entendimento<br />

sobre algo e tenta ao máximo retratar isso em sua obra. Afirma, ainda, que<br />

tanto ele quanto Sheridan são irlandeses e não há como manter-se neutro<br />

em relação ao que acontecia na Irlanda do Norte sendo irlandês.<br />

O filme Em nome do pai é o terceiro dirigido por Sheridan e o<br />

primeiro a ser financiado por um estúdio de Hollywood – Universal Pictures.<br />

Ruth Barton (2002) explica que o filme em questão marca o início da trilogia<br />

de filmes baseados em temas da Irlanda do Norte, realizados através da<br />

parceria Sheridan e George 3 . Ela explica, ainda, que essa trilogia teve um<br />

forte impacto na opinião pública sobre a questão irlandesa. Segundo ela,<br />

até então era difícil discutir temas relacionados aos problemas políticos da<br />

Irlanda na linguagem fílmica: a divulgação de matérias e entrevistas sobre as<br />

organizações paramilitares eram censuradas. Os cineastas relutavam em<br />

mostrar a política da Irlanda do Norte uma vez que acreditavam que ela<br />

não despertaria o interesse do público e, consequentemente, não traria retorno<br />

financeiro (BARTON, 2002, p. 64-66). O próprio Sheridan, em uma<br />

entrevista concedida a Barton (2002), afirma que todos acreditavam que o<br />

IRA não podia estar na TV, que não se podia fazer nada a respeito. Assim,<br />

quando o filme foi lançado, parecia ser algo “de outro mundo” (SHERIDAN<br />

citado em BARTON, 2002, p. 146).<br />

O lançamento do filme foi um sucesso, superando as expectativas<br />

de público. Na Irlanda foi considerado um evento nacional, e, nos Estados<br />

Unidos, onde há um grande número de imigrantes irlandeses, a recepção<br />

foi favorável e entusiasta. No Reino Unido, contudo, gerou críticas acirradas<br />

sobre as “inverdades” apresentadas. Levantaram-se questionamentos quanto<br />

à veracidade do filme, apontando-se omissões e invenções em relação aos<br />

acontecimentos reais e ao que foi apresentado na tela (BARTON, 2002, p.<br />

74). Richard Grenier (1999) destaca que o filme foi recebido com frieza<br />

pela imprensa britânica, que houve, inclusive, quem dissesse que o filme<br />

retrata tantas inverdades que o erro judicial, largamente defendido, torna-se<br />

<strong>Scripta</strong> <strong>Uniandrade</strong>, v. 9, n. 2, jul.-dez. 2011 53

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