Scripta 9_2_link_final.pdf - Uniandrade
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aos fatos da vida do escritor e também do ilustrador, criando diversos<br />
intertextos.<br />
A intertextualidade é vista da seguinte forma na<br />
contemporaneidade: “[...] todo texto é um mosaico de citações, todo texto<br />
é uma retomada de outros textos. Tal apropriação pode-se dar desde a<br />
simples vinculação a um gênero, até a retomada explícita de um determinado<br />
texto” (PAULINO; WALTY; CURY, 1995, p. 22). O que ocorre em Alice<br />
In Sunderland é um grande jogo intertextual. Em diversos momentos, o<br />
autor não apenas faz referência aos textos “originais”, mas também se<br />
apropria de Carroll, tanto da história, como das ilustrações de John Tenniel,<br />
o ilustrador dos livros da personagem Alice. As referências intertextuais<br />
inseridas na narrativa gráfica, dentre elas diversos elementos de outras obras<br />
como textos literários, ilustrações e quadrinhos, revelam uma história<br />
complexa e repleta de informações. Essa apropriação intertextual, no caso,<br />
é uma transposição intersemiótica em que imagens e textos são inseridos<br />
em uma nova obra.<br />
A transposição intersemiótica é uma das formas de intermidialidade<br />
que possibilita a apropriação de elementos de uma obra para a adaptação<br />
e transformação dos mesmos em outro texto, criando uma nova produção.<br />
Ou seja, ocorre a “interpretação de signos verbais por meio de signos nãoverbais”,<br />
ou ainda, como afirma Claus Clüver:<br />
[...] um texto que se aproxima do texto-fonte de ‘traduction intersémiotique’,<br />
como um caso especial de ‘tranposição intersémiotique’ que normalmente<br />
abrange itens mais autônomos. [...] o conceito de tradução intersemiótica<br />
soa melhor se restringido a textos (em qualquer sistema sígnico) que, em<br />
primeiro lugar, oferecem uma reapresentação relativamente ampla (mesmo<br />
que jamais completa) do texto-fonte composto num sistema sígnico<br />
diferente, numa forma apropriada, transmitindo certo sentido de estilo e<br />
técnica e incluindo equivalentes de figuras retóricas; e, em segundo lugar,<br />
que acrescentem relativamente poucos elementos, sem paralelo no textofonte.<br />
(CLÜVER, 1997, p. 42-43)<br />
Como exemplo dessas transposições há desenhos de Alice, capas<br />
dos livros, ilustrações de John Tenniel incorporadas em várias páginas da<br />
obra e, em alguns momentos, os desenhos de Tenniel estão entrelaçados<br />
aos de Bryan Talbot (Fig. 1). Em outros, os desenhos de Bryan Talbot são<br />
transformados, em parte, no estilo de Tenniel e ainda em outras páginas, o<br />
<strong>Scripta</strong> <strong>Uniandrade</strong>, v. 9, n. 2, jul.-dez. 2011<br />
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