Scripta 9_2_link_final.pdf - Uniandrade
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<strong>Scripta</strong> <strong>Uniandrade</strong>, v. 9, n. 2, jul.-dez. 2011<br />
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Vencedor, em 1936, de concurso promovido pela Academia<br />
Brasileira de Letras, Magma somente foi publicado em 1997, trinta anos<br />
após a morte de João Guimarães Rosa. Embora haja indícios de que<br />
intentasse publicá-lo (LEONEL, 2000, p. 33), o fato de permanecer inédito,<br />
pela vontade do autor, colocou o livro como um espectro, no vasto universo<br />
da obra rosiana, a ponto de ser percebido como texto que não mereceria a<br />
mesma atenção dada à sua prosa. Era considerada obra menor, sequer<br />
obra de estreia, que conteria uma poética que não reflete a profundidade<br />
de linguagem de Grande sertão: Veredas e dos contos do escritor mineiro;<br />
obra inferior à poesia dos primeiros modernistas, ou daqueles que, a partir<br />
da década de 1930, transformariam a poesia brasileira, como Carlos<br />
Drummond de Andrade, Murilo Mendes e, posteriormente, João Cabral<br />
de Melo Neto.<br />
Em Magma, o poeta percorreu geografias e paisagens e fundiu<br />
florestas, rios, bichos e lendas, sentimentos e amores interioranos com a<br />
imagem e o modo de vida do homem dos sertões brasileiros. Sem<br />
experimentalismos verbais, sem profusão de emoções pessoais e sem<br />
transparecer um projeto poético consistente que os ancorassem às propostas<br />
revolucionárias de Mário de Andrade ou de Oswald de Andrade, os poemas<br />
de Magma, numa primeira leitura, aparentemente apenas refletem a visão<br />
modernista da primeira fase, já explorada em obras como Macunaíma, de<br />
Mário de Andrade, Cobra Norato, de Raul Bopp, ou no Manifesto da<br />
Antropofagia, de Oswald de Andrade.<br />
Maria Célia Leonel, em seu estudo Guimarães Rosa: Magma e gênese<br />
da obra, considera, entretanto, que<br />
Magma não é caso à parte na produção rosiana, mas ponto de ligação entre os<br />
seus textos (...) – livro menor de autor maior – interessa aos estudiosos do<br />
texto rosiano por ser um elo na cadeia da obra. Permite verificar a permanência,<br />
a transformação ou o abandono de elementos temáticos, de motivos, de<br />
recursos linguísticos de toda sorte. (LEONEL, 2000, p. 37)<br />
Nesse sentido, “Paraíso Filosófico”, constante em Magma, 1 é um<br />
poema que interessaria por conter, em gênese, um procedimento de<br />
composição que viria a ser reiterado por Guimarães Rosa: a utilização de<br />
uma obra pictural como motivo poético, como então, diante de obras<br />
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