Scripta 9_2_link_final.pdf - Uniandrade
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perpétua por suspeita de terem praticado atos terroristas. Em “Transposição<br />
midiática: a representação da memória no texto dramático de Margaret<br />
Edson e no filme de Mike Nichols”, Simone Sicora Poleto e Anna Stegh<br />
Camati analisam a representação dos mecanismos da memória<br />
transformados em técnicas de construtividade textual na peça Wit (1993),<br />
de Margaret Edson, e a apropriação e transcodificação dessas estratégias<br />
na versão fílmica homônima, que em português recebeu o título de Uma<br />
lição de vida (2001), com direção de Mike Nichols. O estudo comparativo é<br />
realizado à luz de estudos filosóficas, sociológicos e de crítica literária de<br />
Henri Bergson, Maurice Halbwachs, Ecléa Bosi e Samuel Beckett, que se<br />
dedicaram a perscrutar os meandros da memória, e de considerações teóricas<br />
sobre as especificidades do cinema de Marcel Martin e outros críticos.<br />
Filmes inspirados nas peças de Shakespeare e traduções dos textos<br />
do bardo para o português formam o eixo de discussão dos três artigos<br />
seguintes. No ensaio “Prospero’s Books: Peter Greenaways’s transcreation of<br />
Shakespeare”, Célia Guimarães Helene e Maria Luiza Atik argumentam<br />
que no filme Prospero’s Books (1991), recriação cinematográfica da peça A<br />
tempestade (1611), Peter Greenaway distancia-se do viés utilizado por vários<br />
diretores no processo de adaptação de textos literários, criando um mosaico<br />
poético de imagens, vozes e textos, repleto de alusões, referências e recriações<br />
em diálogo com o universo pictórico barroco e renascentista. A seguir, a<br />
tragédia shakespeariana sobre os amantes de Verona é revisitada por<br />
Elizabeth Ramos em “Romeo and Juliet: a tragedy retold in the shanty towns<br />
of Rio”. A partir do enfoque dos estudos de tradução, a autora examina o<br />
filme Maré, nossa história de amor, com direção de Lucia Murat, que estreou<br />
no Brasil em 2007. A narrativa é transposta para a favela de Maré, no Rio<br />
de Janeiro do século XXI, envolvendo o drama no manto da criminalidade,<br />
do tráfico de drogas e da violência urbana, tão frequente nas regiões<br />
metropolitanas do Brasil contemporâneo. Murat, na condição de diretora e<br />
roteirista, entende o processo de tradução como resultado de uma<br />
interpretação conduzida a partir de outro lugar de fala. O terceiro artigo<br />
dessa sequência, escrito por Paulo Henriques Britto e Marcia A. P.<br />
Martins, intitulado “Shakespeare em português do Brasil: as traduções em<br />
verso de José Roberto O’Shea”, apresenta, inicialmente, a estratégia global<br />
adotada por O’Shea nas três primeiras traduções anotadas que realizou de<br />
peças de William Shakespeare: Antônio e Cleópatra, Cimbeline, rei da Britânia e<br />
O conto do inverno. Em seguida, os autores examinam um aspecto formal<br />
dessa estratégia, que é a métrica ancorada em decassílabos brancos ou<br />
<strong>Scripta</strong> <strong>Uniandrade</strong>, v. 9, n. 2, jul.-dez. 2011 7