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Scripta 9_2_link_final.pdf - Uniandrade

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programático”, nos moldes de Mário de Andrade, e, mesmo, sem revelar<br />

“a percepção das tensões nacionais” (LEONEL, 2000, p. 151). Em<br />

acréscimo, é oportuna a transcrição de trecho do ensaio de Cléa Corrêa de<br />

Mello, A construção discursiva do nacional em Guimarães Rosa (2000):<br />

(...) Guimarães Rosa (...) ativou uma representação alegórica da identidade<br />

nacional, oportunizando a incorporação da diferença, de diferentes vozes –<br />

de forma estrategicamente diversa daquela até então veiculada pelas narrativas<br />

afiliadas à “pedagogia nacionalista”. (...) Negar o regionalismo tradicional<br />

significa negar todo e qualquer esquematismo, implica assumir o caráter<br />

dinâmico relacional dos elementos da narrativa. (p. 154)<br />

A linguagem literária de Guimarães Rosa, além do léxico, da sintaxe<br />

e de formas de significação particularíssimas, elaborada por meio de muitas<br />

e sutis estratégias discursivas, conserva em latência muitos procedimentos<br />

que talvez estejam ainda por serem plenamente desvendados. Seus processos<br />

de construção intertextual – e auto-intertextual, como considera Leonel –<br />

apoia-se em textos de literatura clássica, brasileira e de outros países, em<br />

narrativas interioranas, e ancoram-se também nas artes plásticas. Ao se utilizar<br />

do quadro de John Ruskin e da mitologia do jardim das Hespérides, o<br />

escritor mineiro criou uma alegoria de seu próprio país, uma utopia<br />

nacionalista.<br />

É, ainda, Leonel (2000)que, ao concluir seu trabalho, afirma sobre<br />

Magma:<br />

Os poemas, em geral, goraram como poesia de qualidade ou inovadora. No<br />

entanto, deram sementes para frutos de pequeno porte com sabor<br />

concentrado, de fina e delicada poesia, como em Primeiras estórias e páginas<br />

de Tutaméia. E de tamanho maior, desdobrando-se em cachos maduros de<br />

pura polpa poética, como em Corpo de baile ou Grande sertão: veredas. (p. 275)<br />

Acrescente-se a isso que uma das sementes dará frutos, como<br />

assinalado anteriormente, no procedimento de construção dos poemas d’O<br />

burro e o boi no presépio, nos quais o escritor-poeta exercitou seu olhar e sua<br />

subjetividade diante de pinturas de artistas medievais e clássicos 5 . Além do<br />

fato de, por meio de tais procedimentos, João Guimarães Rosa, já na gênese<br />

de sua obra, experimentar, no texto literário, a aproximação com as artes<br />

plásticas.<br />

<strong>Scripta</strong> <strong>Uniandrade</strong>, v. 9, n. 2, jul.-dez. 2011 39

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