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Scripta 9_2_link_final.pdf - Uniandrade

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Foi no atual momento de rememoração dessas lembranças que ela constatou<br />

a importância daquele episódio no qual seu pai lhe conferiu atenção. Esse<br />

mecanismo de lembranças é comentado por Ecléa Bosi (2003), em sua<br />

obra Memória e sociedade, quando diz que a memória admite “a relação do<br />

corpo presente com o passado e, ao mesmo tempo, interfere no processo<br />

‘atual’ das representações. Pela memória, o passado não só vem à tona das<br />

águas presentes, misturando-se com as percepções imediatas, como também<br />

empurra, ‘desloca’ estas últimas, ocupando o espaço todo na consciência”<br />

(p. 46- 47).<br />

Na cena apresentada, vemos que Vivian se recorda do passado –<br />

um passado que pode ser inteiramente desconhecido por parte do<br />

espectador, mas que está vivo na memória dela – os acontecimentos não<br />

são sequenciais, mas ligam-se à cena presente mediante uma transição. Essa<br />

técnica da produção dessas transições graduais de uma imagem para outra<br />

e do retorno à imagem inicial abre naturalmente amplas perspectivas no<br />

cenário da adaptação.<br />

A representação do fluxo da consciência de Vivian nas cenas<br />

permite que seja criado um tempo psicológico, contrastado com a realidade<br />

do tempo cronológico. A emoção antiga dos tempos da infância é<br />

rememorada tão intensamente que por um momento sente-se transportada<br />

ao seu corpo de menina, associando os coelhinhos da gravura que estavam<br />

dormindo com o efeito soporífero da alface. Durante essa cena, as imagens<br />

da protagonista adulta e criança são intercaladas (Figs. 9 e 10), assim como<br />

a imagem do pai se intercala com o ambiente do escritório e do hospital<br />

(Fig. 11).<br />

Fig. 9 – 00:35:56:60<br />

<strong>Scripta</strong> <strong>Uniandrade</strong>, v. 9, n. 2, jul.-dez. 2011 89

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