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Scripta 9_2_link_final.pdf - Uniandrade

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mecanismos da mente, em sua peça Wit: jornada de um poema, que serão<br />

discutidas ao longo da análise. No texto de Edson, as reminiscências da<br />

narradora-protagonista são atualizadas pela constante ação de alternância<br />

da memória voluntária e involuntária, conceitos filosóficos teorizados por<br />

Bergson (1910), apropriados por Marcel Proust para representar os<br />

processos de atividade da mente em sua obra Em busca do tempo perdido,<br />

publicada entre 1913 e 1927, e problematizados por Samuel Beckett em<br />

seu ensaio intitulado Proust (1930) 3 . A narradora-protagonista,<br />

voluntariamente, se esforça para rememorar os acontecimentos do passado<br />

para reavaliar o presente e projetar o futuro. Ao mesmo tempo, os estímulos<br />

exteriores, palavras, situações, objetos, dentre outros, desencadeiam a<br />

memória involuntária. Os mecanismos da memória foram representados<br />

de maneira diferente por Edson, em Wit, e por Nichols, em Uma lição de<br />

vida, por se tratar de suportes regidos por códigos, convenções e signos<br />

distintos.<br />

2 A representação da memória no texto dramático e no filme<br />

Wit: jornada de um poema relata a história das duas últimas horas<br />

de vida de Vivian Bearing. No hospital, enquanto paciente em estágio<br />

terminal de câncer, Vivian, a professora de literatura, especialista nos sonetos<br />

sacros de John Donne, percorre os principais lugares e eventos de sua<br />

trajetória nos labirintos da memória.<br />

No prólogo, com a introdução da ideia do tempo escoando<br />

rapidamente como a areia de uma ampulheta, a narradora-protagonista<br />

expressa consciência temporal em virtude da proximidade da morte e, será<br />

nesse curto espaço de tempo, que os momentos-chave mais marcantes de<br />

sua vida serão passados em revista. A maneira como a passagem do tempo<br />

é vivida e sentida em circunstâncias diversas, é problematizada por Bergson:<br />

[...] a medida do tempo nunca trata da duração como duração e a medida de<br />

duração a que nós nos referimos não é a própria duração, […] pois esta<br />

duração que não é considerada pela ciência e que é tão difícil de ser conceituada<br />

e expressa, é aquela que todos sentem e vivem. (BERGSON, 1999, p. 13)<br />

O texto cênico é caracterizado pelo jogo da dupla temporalidade,<br />

no qual a mente de Vivian é o espaço do livre trânsito entre o presente e o<br />

passado. No texto também há indicações cênicas sobre o cenário composto<br />

<strong>Scripta</strong> <strong>Uniandrade</strong>, v. 9, n. 2, jul.-dez. 2011 77

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