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Scripta 9_2_link_final.pdf - Uniandrade

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Publicada como volume à parte em 1985, “City of Glass” é a<br />

primeira novela do livro de Paul Auster intitulado A Trilogia de Nova York<br />

(1987). “City of Glass” conta a história de Daniel Quinn, um escritor viúvo<br />

que, sob o pseudônimo de William Wilson, relata as aventuras do detetive<br />

Max Work. Ao atender uma ligação para o número errado, Quinn assume<br />

a identidade de outra pessoa, um detetive chamado Paul Auster, e acaba<br />

sendo contratado para seguir o suspeito Sr. Stillman a fim de evitar que um<br />

crime aconteça. Não há um crime a ser desvendado, nem um criminoso a<br />

ser capturado, somente a suspeita de um crime que pode vir a acontecer.<br />

Em 1994, David Mazzucchelli e Paul Karasik transpuseram “City of Glass”<br />

para a mídia dos quadrinhos, do tipo denominado romance gráfico. Ao<br />

contrário da obra de Paul Auster, a adaptação não teve grande repercussão<br />

e obteve apenas uma crítica da Newsweek e uma do The New York Times 2 .<br />

Isso reflete a tendência de depreciação do texto adaptado em<br />

relação à obra “original”. A segunda é geralmente considerada uma cópia<br />

malfeita do primeiro texto, de onde sempre se perde algo. No entanto,<br />

nesse aspecto, concordo com Linda Hutcheon (2006), em A Theory of<br />

Adaptation, que observa que o fato de uma obra “ser a segunda não significa<br />

que seja secundária ou inferior” (p. xiii) 3 . Especialmente quando se trata de<br />

transposições de mídia 4 , ou seja, quando um texto é transposto de uma<br />

mídia para outra – por exemplo, de romances para os quadrinhos ou de<br />

jogos de vídeo games para o cinema – as mudanças são inevitáveis, mas<br />

não necessariamente negativas. Assim, ao transpor “City of Glass”, foi<br />

necessário respeitar as convenções formais da mídia dos quadrinhos, suas<br />

restrições e possibilidades. Da mesma forma, é importante esclarecer que<br />

meu propósito neste artigo não é o de demonstrar o que se perdeu na<br />

transposição feita por Karasik e Mazzucchelli em relação à prosa de Auster.<br />

Ao contrário, interessa-me mais analisar o ato de transposição propriamente<br />

dito, em particular as estratégias usadas pelos artistas para transpor certos<br />

excertos do texto-fonte, observadas as especificidades da mídia quadrinizada.<br />

Nesse sentido, City of Glass demonstra ser um ótimo exemplo de<br />

uma adaptação que soube lucrar com as práticas midiáticas específicas dos<br />

quadrinhos. Mais do que simples paralelos entre os textos verbal e visual<br />

(como em um manual de instruções), City of Glass expande a narrativa de<br />

Paul Auster, acrescentando ironia e metáforas. Neste artigo, analisarei como<br />

o romance gráfico enfatiza, mais do que a prosa em alguns momentos, as<br />

convenções das histórias clássicas de detetives – sua estrutura e personagens.<br />

<strong>Scripta</strong> <strong>Uniandrade</strong>, v. 9, n. 2, jul.-dez. 2011 145

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