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Scripta 9_2_link_final.pdf - Uniandrade

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Considerações finais<br />

O texto dramático de Margaret Edson, aparentemente revestido<br />

de simplicidade, oferece uma visão profunda da natureza e do<br />

comportamento humano, uma vez que trata do descaso dos médicos para<br />

com seus pacientes, da importância dos nossos atos diários, assim como o<br />

valor das relações humanas. Através da combinação de estratégias como a<br />

ironia, a metáfora, a metalinguagem e técnicas memorialísticas diversas, a<br />

dramaturga, a partir das experiências vivenciadas em um hospital onde<br />

realizou trabalho voluntário, constrói um texto que revitaliza a dramaturgia<br />

memorialística ao criar técnicas diferentes daquelas desenvolvidas por seus<br />

precursores.<br />

Como já foi mencionado, a literatura e o cinema possuem<br />

especificidades, códigos e convenções diferentes. Mike Nichols, ao trabalhar<br />

na transposição midiática do texto de Margaret Edson para a tela,<br />

apropriou-se de recursos funcionais, técnicos e operacionais, tais como<br />

flashbacks, fusão de espaços e tempos, sons, posicionamentos da câmera,<br />

entre outros, que apenas o cinema tem ao seu dispor e que são capazes de<br />

aproximar o público da problemática abordada na narrativa.<br />

O livre transitar, entre presente e passado, é representado no texto<br />

pela memória voluntária e a irrupção quase obsessiva da memória<br />

involuntária da narradora-protagonista que são desencadeadas por situações<br />

ou palavras. No filme, a constante alternância de temporalidades é realizada<br />

pela justaposição de tomadas e fusão de imagens que mostram a personagem<br />

no passado e no presente: de um lado temos o plano da realidade em<br />

tempo cronológico, enquanto que de outro temos o plano da memória em<br />

tempo psicológico.<br />

Ambas as modalidades artísticas, a literária e a fílmica são<br />

palimpsestos na medida em que estabelecem entre si um constante e continuo<br />

diálogo, completando e ressignificando-se a cada momento.<br />

Notas<br />

1 Entrevista disponível em . Acesso em: 20 jan. 2011.<br />

<strong>Scripta</strong> <strong>Uniandrade</strong>, v. 9, n. 2, jul.-dez. 2011<br />

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