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Guardiola Confidencial - Marti Perarnau-1

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Durante 35 minutos, o Bay ern é o que o treinador havia sonhado: sai jogando<br />

com tranquilidade da defesa, atrai os rivais, avança até se instalar no limite da<br />

área do City, com superioridade pelo meio. Nesse ponto do campo, a equipe se<br />

solta e deixa o adversário em pânico com Robben e Ribéry, tanto pelos lados<br />

como tabelando por dentro. Essa primeira meia hora é um festival de bom<br />

futebol e chances de gol: o Bay ern finaliza nove vezes, mas segue sem pontaria<br />

— o que por enquanto é só um detalhe sem importância, mas nas semanas<br />

seguintes se transformará num problema quase crônico.<br />

<strong>Guardiola</strong> está tão satisfeito com o que vê que se limita a dar algumas poucas<br />

instruções a Javi Martínez, pedindo-lhe que seja mais agressivo ao sair jogando,<br />

ultrapasse o círculo central e tente atravessar as linhas da equipe adversária. Do<br />

banco de reservas, o técnico geralmente costuma participar bastante do jogo. São<br />

intervenções vigorosas que, a princípio, causam impacto na torcida e na<br />

imprensa alemã.<br />

Ele gesticula tanto assim porque é movido pela paixão. É doente por futebol.<br />

Quando começa a falar sobre o jogo, é capaz de perder completamente a noção<br />

do tempo. E isso pode acontecer em qualquer circunstância. O tema da conversa<br />

pode ser tão prosaico quanto o movimento de um lateral no instante em que o<br />

ponta adversário se aproxima. Nesses casos, se a oportunidade surge e não há<br />

compromissos pendentes, é provável que Pep passe muitos minutos detalhando<br />

tais movimentos. E não de forma moderada: põe-se em pé, começa a agitar os<br />

braços apontando a posição dos jogadores, indica com os dedos na vertical cada<br />

novo posto que devem cobrir, leva os braços às costas para mostrar os espaços<br />

que ficam vazios e, depois de um minuto, terá explicado quarenta movimentos<br />

que acontecem nesse único lance do jogo.<br />

Isso ocorre diariamente nos treinos. Ele se move, agita os braços, indica as<br />

linhas fictícias e descreve com as mãos os movimentos possíveis, próprios ou do<br />

rival. Os atletas do Bay ern vão se acostumando com esse código composto de<br />

gestos e sinais. Já sabem que, quando pretende corrigir um movimento,<br />

<strong>Guardiola</strong> chama o jogador e recorre a um repertório de gestos dinâmicos e<br />

efusivos. Abraça-se a ele, agarra-o pelos ombros para modificar sua posição ou<br />

se movimenta ao seu redor, quase dançando, indicando-lhe como realizar<br />

determinada ação do jogo. A fim de parabenizar alguém por um movimento<br />

bem-feito, o técnico dá-lhe um tapa nas costas ou um chute no traseiro — o que<br />

Robben pôde comprovar logo em seguida.<br />

Como foi jogador, Pep sabe perfeitamente que durante a partida os atletas não<br />

conseguem ouvi-lo dentro de campo. Por isso, usa a linguagem dos gestos:<br />

sinaliza com os braços nas costas para indicar os buracos que devem ser cobertos<br />

ou a linha defensiva que precisa ser protegida, e passa 70 por cento do tempo de<br />

jogo dando instruções sem parar, sempre gesticulando.

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