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Guardiola Confidencial - Marti Perarnau-1

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Momento 31<br />

O mapa do tesouro<br />

Munique, 18 de setembro de 2013<br />

<strong>Guardiola</strong> guarda na cabeça o mapa do tesouro. Um mapa secreto que contém<br />

enigmas e mistérios, uma intrincada rede de palavras e uma linha de pontos<br />

descontínuos que vão se unindo à medida que ele resolve os problemas surgidos<br />

ao longo do caminho. Nesse mapa, estão a maior parte das respostas e todas as<br />

perguntas. Algumas, Pep responde em público; outras, direto no gramado. Há<br />

várias que estão simplesmente congeladas, esperando a oportunidade para que<br />

ele as utilize. <strong>Guardiola</strong> tem um faro especial para os momentos certos, uma<br />

virtude que não se aprende na escola de técnicos. Tem o privilégio de escolher a<br />

melhor hora. Por isso, não tem pressa em conhecer todas as incógnitas de seu<br />

mapa tático: as respostas aparecerão na ocasião apropriada, durante o processo.<br />

Esse é um assunto que parece banal, mas que na vida do técnico catalão tem<br />

grande importância. Significa que ele sabe que ao longo de um determinado ciclo<br />

(um trimestre, uma temporada, uma passagem por algum clube) confrontará<br />

uma série de decisões e movimentos táticos. Uma série inevitável e,<br />

paralelamente, predeterminada por sua própria filosofia de jogo. Seu primeiro<br />

ano no Barça não teve muito de parecido com o terceiro. Sua primeira<br />

temporada no Bayern será diferente da terceira. Falamos de organização tática,<br />

de movimentos individuais, de associações e interações coletivas.<br />

Pep traça um “plano de negócios” tático para cada ciclo. Descreve-o dentro<br />

de sua cabeça, sem deixar rastros concretos. Pensemos no Bay ern que ele<br />

recebe de Hey nckes: é uma herança formidável. <strong>Guardiola</strong> tem consciência de<br />

que só pode introduzir uma quantidade determinada de software novo no<br />

hardware desse Bayern supercampeão. Se ultrapassar um número de novas<br />

ideias, fará entrar em colapso o coletivo — e alguns jogadores também.<br />

Estabelece primeiramente um plano de desenvolvimento de suas ideias, como<br />

quem identifica algumas metas concretas a alcançar em um determinado<br />

período. Não são metas explicadas facilmente com palavras, nem poderiam ser<br />

repassadas a outros times, jogadores ou treinadores. Pertencem à sua maneira de<br />

entender o futebol.<br />

Ele não espera que seus jogadores compreendam tudo: tem consciência de<br />

que há atletas capazes de assimilar explicações complexas, enquanto outros<br />

possuem percepção mais limitada. Portanto, fará claras distinções entre quem<br />

deve receber mensagens curtas, sintéticas ou parciais e quem é capaz de<br />

entender o quadro completo. Empregará uma linguagem muito diferente a<br />

depender de quem está ouvindo, o que não é nenhuma novidade. De fato, um dos

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