11.07.2017 Views

Guardiola Confidencial - Marti Perarnau-1

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

ápidas e precisas. A essa altura, Javi Martínez já estava aquecendo na lateral. O<br />

conjunto alemão não tinha sentido de jogo, mas sim de orgulho, pois insistia e<br />

insistia, sobretudo pelo meio através de Robben, cujo esforço gerou quatro<br />

escanteios favoráveis em apenas sete minutos, ainda que nenhum tenha dado<br />

resultado. Se na ida o Bay ern havia cobrado quinze escanteios e finalizado sete,<br />

mas sem eficácia, na volta cobrou nove e só conseguiu finalizar um, que acabou<br />

desviado. O Real se defendia esplendidamente bem e qualquer disparo dos<br />

bávaros acabava rebatendo no corpo dos zagueiros.<br />

<strong>Guardiola</strong> aproveitou o intervalo para recompor a equipe. Colocou Martínez no<br />

lugar de Mandžukić e posicionou o time em um 4-3-3, com Schweinsteiger<br />

adiantado em relação a Kroos e Javi. Foi como um bálsamo, mas já era tarde<br />

demais. A saída de bola melhorou, o Bayern controlou o jogo e conseguiu linhas<br />

de passe melhores. É tentador pensar no que poderia ter acontecido se Javi<br />

Martínez tivesse estado em condições físicas de jogar as partidas inteiras de ida e<br />

de volta. Claro que se poderia cogitar o mesmo quanto à ausência de Thiago, ou<br />

lamentar as dores nas costas que tanto prejudicaram o jogo de Ribéry. Mas a<br />

realidade já havia chegado e o Bay ern iria ficar fora da final da Champions — e<br />

por larga diferença.<br />

A torcida do Bay ern vaiou a troca de Ribéry por Götze, mas o francês já não<br />

suportava mais devido à lombalgia, e viria a pagar um alto preço pelo esforço<br />

nas semanas seguintes. Pior ainda: o estádio apupou <strong>Guardiola</strong> na troca de Müller<br />

por Pizarro, e ouviram-se gritos a favor do atacante bávaro. Sem deixar dúvidas,<br />

os torcedores se mostraram contra Pep.<br />

O técnico assumiu toda a responsabilidade. Nem sequer mencionou o pedido<br />

dos jogadores e os protegeu, afastando-os do fracasso, atraindo para si todas as<br />

culpas. Ele esvaziara o meio de campo no dia em que teve que enfrentar uma<br />

verdadeira manada de leões. À sua frente, havia um time excepcional, em que<br />

Modrić e Xabi Alonso dominavam a distribuição certeira do jogo, Benzema<br />

ditava o ritmo necessário para cada jogada e Cristiano e Bale, além da grande<br />

velocidade, mostravam-se espetaculares na gestão dos espaços. O Bayern os<br />

enfrentou em inferioridade em vez de utilizar mais meios-campistas e atacantes<br />

e ter mais controle que furor.<br />

Ao longo da temporada, <strong>Guardiola</strong> havia feito reflexões interessantes sobre o<br />

“choque cultural” de seu jogo em relação ao alemão. Depois de ganhar por 3 a 0<br />

em Dortmund ele tinha dito: “Mandando bolas para a área marcaremos gols,<br />

mas não conseguiremos dominar o jogo”. Mas desta vez nem sequer foi assim<br />

porque nos 180 minutos contra o Real, sua equipe havia cruzado 74 vezes na área<br />

de Casillas mas conseguira finalizar — e mal — meia dezena de vezes.<br />

Tempos atrás, Pep havia sido contundente: “Dominamos o jogo quando<br />

reunimos os bons por dentro… E se eu perder, dá no mesmo. Irei feliz para casa

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!