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Guardiola Confidencial - Marti Perarnau-1

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o Barça de Munique e, a fim de reafirmar isso, baseou o treino dos reservas, logo<br />

em seguida, em bolas abertas para a ponta, cruzamentos à área e chegadas em<br />

duas ondas: a primeira, para o arremate; a segunda, buscando o rebote.<br />

<strong>Guardiola</strong> grita: “Pá e pum! Esse é o nosso jogo!”.<br />

Chove tanto que alguém diz que o verão terminou. É o bastante para que Toni<br />

Tapalović, o treinador de goleiros, brinque com Pep: “Você vai ver no inverno:<br />

treinos com dez graus abaixo de zero e com meio metro de neve. Nós vamos do<br />

campo direto para a sauna sem tirar os sapatos…”.<br />

Os pais de Javi Martínez estão no local e oferecem sua experiência em<br />

meteorologia: “Munique tem algo parecido ao sirimiri de Bilbao; mas em vez de<br />

chuvisco, o que cai é neve. Você não se dá conta, aquilo vai caindo, caindo e, no<br />

final, você tem meio metro de neve por toda a parte”.<br />

<strong>Guardiola</strong> e Thomas Müller debatem no gramado. O técnico pergunta por que<br />

o atleta não joga sempre como ontem, com a mesma precisão e intensidade. O<br />

jogador diz — e conseguimos escutar, já que todos estão em silêncio — que quer<br />

liberdade de movimentos, que joga melhor quando não tem responsabilidades.<br />

Com vários gestos, o técnico responde que, se cada jogador do time quiser jogar<br />

com liberdade, acabará sendo um desastre. Mas logo entrarão em um acordo.<br />

Talvez pela experiência adquirida no Barcelona com atletas de muita<br />

personalidade como Eto’o ou Ibrahimovic, vemos que Pep dialoga e é direto com<br />

seus atletas. Sempre acreditou que cada jogador tem um jeito e precisa de um<br />

tratamento diferente; então, em Munique, essa é a ideia que ele aplica. Percebe<br />

que Schweinsteiger é louco por futebol e que pode falar com ele por horas a fio<br />

sobre questões táticas. É o que ele faz. Um dia, vimos os dois discutindo um lance<br />

durante trinta minutos logo após o treino. Quando foram para o vestiário, o<br />

assunto ainda era o mesmo. E vinte minutos mais tarde, saíram pela outra porta<br />

— de banho tomado e a caminho do ônibus, porque iriam para o hotel da<br />

concentração — e continuavam discutindo a mesma questão tática, gesticulando,<br />

como se estivessem disputando naquele momento a final da Champions.<br />

A Philipp Lahm, Pep pode dar todas as instruções que quiser: o capitão as<br />

absorve sem hesitar. Por outro lado, com Ribéry é preciso ir devagar: ele é um<br />

atleta formado nas ruas, que se fez recorrendo à intuição, e transmitir-lhe dois<br />

conceitos táticos ao mesmo tempo pode acabar bloqueando-o no gramado.<br />

Ribéry segue jogando como quando era criança nas ruas de Boulogne-sur-Mer:<br />

recebe a bola e imediatamente ataca. Com instruções demais, ele se enrola.<br />

Então, é preciso ir devagar e com simplicidade.<br />

Com Mandžukić é preciso estar sempre alerta. Em menos de dois meses, ele<br />

passou de um comportamento receptivo e solidário a uma atitude desafiante e<br />

negativa, para em seguida se mostrar disposto a tudo novamente. Nos últimos<br />

dias, está se entregando ao máximo. No time, é quem melhor faz pressão, aceita

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