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Guardiola Confidencial - Marti Perarnau-1

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ar local Kitty Cheng, no bairro de Mitte.<br />

Às duas da madrugada, Pep <strong>Guardiola</strong> começou a dançar. Nenhum de seus<br />

amigos íntimos o tinha visto dançar antes. Nem nas festas familiares ou nos<br />

triunfos do Barcelona o técnico tinha se arriscado. Sempre permanecia sentado,<br />

rodeado de amigos ou colaboradores, falando sobre mil coisas, a maior parte<br />

relacionada com o futebol. Não precisamos ir longe: em Marrakech, três meses<br />

antes, depois de ganhar o Mundial de Clubes, ele tinha celebrado conversando<br />

com amigos como Sala i Martín e o cineasta David Trueba. É verdade que<br />

naquela festa quase ninguém tinha se animado a dançar: só a esposa de Pep,<br />

Cristina; sua filha mais velha, Maria; a mãe de Cristina, a esposa de Sala i Martín<br />

e, finalmente, ainda que com timidez, Dante e Rafinha, os brasileiros mais<br />

agitados.<br />

Em Berlim foi diferente. David Alaba se encarregou da música: não só fez às<br />

vezes de dj, como também cantou com boa voz. O entusiasmo do plantel era<br />

tamanho e tão contagiante que, pela primeira vez na vida, <strong>Guardiola</strong> resolveu<br />

dançar com os jogadores. Parecia um deles. Beberam e se divertiram. A certa<br />

altura da noite, Ribéry se aproximou de Pep, pegou-o pelo pescoço e disse: “Pep,<br />

te amo. Te levo no coração. Eu sou um cara simples mas sempre vou te levar no<br />

coração. Nunca podia imaginar que iria aprender tanto como neste ano”.<br />

A farra se estendeu até muito tarde. Pep foi dormir quase às cinco. Alguns<br />

jogadores chegaram ao hotel na hora do café da manhã e todos os rostos<br />

refletiam, na viagem de volta a Munique, o esgotamento causado pela intensa<br />

comemoração. Durante o voo, os capitães pediram diversas vezes ao técnico que<br />

adiasse para sexta-feira o treinamento da quarta, pois assim poderiam descansar.<br />

<strong>Guardiola</strong> acabou aceitando: o título da liga havia sido conquistado de forma tão<br />

brilhante que podia fazer algum tipo de concessão.<br />

Achei interessante reparar na vibração da equipe no primeiro treino depois da<br />

conquista. O trabalho depois de uma grande vitória pode indicar muitas coisas:<br />

ficaram saciados de triunfos? Continuam famintos? A grande vitória é um “ponto<br />

e parágrafo”? Ou um ponto final? Achei que seria muito significativo verificar<br />

como o time treinava depois de conseguir manter o título da liga pela primeira<br />

vez em nove anos. Era apenas a segunda vez no século xxi que o Bay ern, depois<br />

de ganhar o campeonato, conseguia o bi. É um dado que sugere muita<br />

instabilidade após o sucesso, uma incapacidade de continuar ganhando de<br />

maneira consistente.<br />

A alegria dos jogadores, simbolizada por Schweinsteiger, que apareceu com<br />

uma máscara do esquiador local Felix Neureuther, durou o tempo que <strong>Guardiola</strong><br />

levou para aparecer no campo e ordenar o aquecimento. Acabaram-se as<br />

risadas e a equipe se voltou para o trabalho, dividida em três grupos de sete<br />

jogadores que realizaram quatro jogos de cinco minutos de “área dupla”, com

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