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Guardiola Confidencial - Marti Perarnau-1

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Por fim, as pessoas. Por mais elaborados que sejam, ideia e idioma não<br />

poderão ser interpretados corretamente se os jogadores não estiverem dispostos a<br />

cooperar. Não se trata apenas de ter atletas adequados para pôr a ideia em<br />

prática, o que é imprescindível: é necessário que exista entre eles a predisposição<br />

para aprender os segredos do idioma, trabalhá-los e corrigi-los, sem hesitação.<br />

Ideia, idioma e pessoas formam conjuntamente o modelo de jogo e são<br />

fundamentais para o sucesso ou fracasso de um técnico.<br />

Para <strong>Guardiola</strong>, o desafio no Bay ern de Munique é muito maior que o<br />

enfrentado no Barça, por uma razão simples: no Barça, o idioma de jogo é<br />

ensinado desde a base. Milhares de crianças passam por La Masia e recebem<br />

todos esses ensinamentos do clube, delineado por Johan Cruy ff há mais de 25<br />

anos e desenvolvido por grandes técnicos. É um idioma completo, fechado e<br />

muito específico. Desde os seis anos, centenas de aspirantes a jogadores de<br />

futebol se integram à cantera e aprendem uma maneira de jogar. Quando um<br />

deles chega à equipe principal, já acumulou mais de 10 mil horas de prática<br />

orientada sempre na mesma direção. Já é, portanto, um especialista no idioma.<br />

Isso não existe no Bay ern. Pelo menos, não com a mesma profundidade. Não<br />

existe o “idioma” nem a estrutura que o ensina. Para Pep, essa diferença é muito<br />

importante. Domènec Torrent explica: “Estamos ensinando a eles um idioma<br />

novo e é preciso ir devagar, como se estivéssemos ensinando primeiro os<br />

números, depois os dias da semana, depois os verbos etc… É uma nova realidade<br />

e temos que ser flexíveis e cautelosos. Antes, por exemplo, eles faziam a<br />

marcação homem a homem; agora passamos a marcar por zona. Não queremos<br />

que abandonem a posição que devem guardar para marcar um adversário<br />

porque, nesse caso, basta um passe longo do rival e nossa organização vai por<br />

água abaixo. Mas é questão de tempo e eles estão aprendendo muito bem. O<br />

exercício de pressão de ontem foi muito bem realizado se considerarmos que foi<br />

a segunda vez que o praticaram”.<br />

Surpreende a forma como os jogadores interagem com <strong>Guardiola</strong>. Não se<br />

nota aquele clássico distanciamento hierárquico entre o técnico e os atletas.<br />

Nessa manhã, ao som do canto dos pássaros, o treinador parece mais um<br />

integrante do grupo. Boateng e Alaba passam pelo terraço e brincam com ele;<br />

Schweinsteiger o interrompe e se senta à mesa para se despedir. Terá que voltar a<br />

Munique, com o dr. Hans-<br />

-Wilhelm Müller-Wohlfahrt, para dar continuidade ao tratamento do tornozelo<br />

operado em junho. No Trentino, existem menos recursos que em Munique e a<br />

recuperação segue lenta demais. <strong>Guardiola</strong> se preocupa, porque Bastian é peça<br />

fundamental em seu modelo de jogo. Por isso, quer animá-lo a se recuperar o<br />

quanto antes: “Precisamos de você, Basti”.<br />

Quem chega em seguida é Lorenzo Buenaventura, que esteve com os mais

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