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Guardiola Confidencial - Marti Perarnau-1

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acontecido uma mudança tão drástica. Segundo o técnico, foram apenas quatro<br />

palavras: “Estão jogando para quê?”.<br />

Pediu a eles que se soltassem, que se libertassem, disse que nunca insinuara,<br />

nos dois meses em que estão juntos, que deviam jogar como o Barça. Recordoulhes<br />

que não devem pensar em agradar ao técnico, mas aos 71 mil torcedores<br />

que sempre enchem a Allianz Arena, em todas as partidas. Pep só pediu a seus<br />

jogadores que fossem eles mesmos, que deixassem a timidez de lado.<br />

“Só quero que avancem agrupados por alguns metros na saída, porque, se<br />

perdermos a bola, não estaremos distantes entre nós. Qualquer time alemão é<br />

capaz de contra-atacar com muito perigo; se os setores da nossa equipe<br />

estiverem separados, todos eles terão chances de gol. É a única coisa que quero:<br />

Dante pode lançar bolas longas em diagonal para Robben, mas não da nossa<br />

área, só quando já estiver chegando ao meio de campo. Nesse caso, se Robben<br />

perder a bola, estaremos todos muito perto dela e a recuperaremos rapidamente.<br />

Mas se Dante fizer o lançamento muito cedo, da nossa área, e Robben perder a<br />

bola, é certeza que sofreremos um contra-ataque”, explica.<br />

<strong>Guardiola</strong> se expressa com a mesma profusão de gestos adotada no banco de<br />

reservas. Às vezes, parece que se levantará da cadeira e nos mandará formar<br />

uma equipe em um campo de jogo imaginário no restaurante. Toma o amigo<br />

americano pelo braço e lhe diz: “É que Bastian [Schweinsteiger] é puro dna<br />

Bay ern. Vemos a cada segundo que seu corpo pede que ele suba e desça o<br />

campo todo. Eu gosto disso”. Um dos amigos de Barcelona o interrompe: “Mas,<br />

nesse caso, como conciliar a cadência da saída de bola com esse dna<br />

alemão…?”. <strong>Guardiola</strong> responde: “Após terem avançado juntos até o meio de<br />

campo, quero que eles sejam mais Bay ern do que nunca, que se soltem e usem<br />

esse dna, que corram e se libertem. Nisso, eles são monstruosos. Adoram correr.<br />

E fico contente que seja assim, que eles corram, abram o jogo pelas pontas e<br />

cruzem. Mesmo que não chutem a gol na primeira tentativa, podem aproveitar o<br />

rebote: a segunda bola é muito perigosa. Se estivermos juntos, os rebotes também<br />

serão nossos e então faremos o verdadeiro estrago, porque vamos pegar os<br />

zagueiros no contrapé. Foi o que eu disse a eles e é isso que quero”.<br />

Soou a uma contundente declaração de intenções, de princípios fundamentais<br />

de seu modelo de jogo. À medida que o jantar transcorre, e mesmo que surjam<br />

longos parênteses para lembrar momentos pontuais de seus quatro anos no<br />

Barcelona, <strong>Guardiola</strong> vai desfiando suas ideias sobre o futuro do Bay ern.<br />

Aproveita o momento para esmiuçar seu modelo de jogo, após ter tomado plena<br />

consciência de onde está e de como são os jogadores que comanda.<br />

Participamos de um verdadeiro jantar de iniciação.<br />

O técnico considera inviável e absurda qualquer intenção de replicar o modelo<br />

de jogo do Barça. Fala do papel histórico de Johan Cruy ff no Barcelona e

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