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Guardiola Confidencial - Marti Perarnau-1

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Momento 17<br />

As aulas continuam<br />

Munique, 30 de julho de 2013<br />

Na manhã seguinte, já sob um sol escaldante, vemos a primeira aplicação<br />

prática da coreografia. É um jogo em campo reduzido, com três equipes de seis<br />

jogadores mais um coringa, o goleiro juvenil Leo Zingerle — um verdadeiro<br />

fenômeno com a bola nos pés, que sempre ajuda o time que ataca. No conjunto<br />

vermelho, é claro, Javi Martínez e Dante atuam juntos. A equipe que sofre um<br />

gol para de jogar imediatamente e é substituída pelo terceiro time, apesar de a<br />

atividade não ser interrompida em momento nenhum. Portanto, todos têm que<br />

ficar muito atentos ao andamento da disputa. O exercício, de longos 45 minutos, é<br />

outro suplício para Javi. Aos 25 minutos, ele já está exausto. O jogo, chamado<br />

“área dupla”, só para se nenhuma das equipes marca um gol. Nesse caso, depois<br />

de quatro minutos Hermann Gerland soa o apito e força uma parada. É um<br />

trabalho muito intenso, que exige grande concentração e provoca muitos erros<br />

por causa do cansaço.<br />

É como se <strong>Guardiola</strong> estivesse com um chicote. Durante toda a manhã em<br />

Säbener Straβe, acostumados às ordens de Pep em alemão, dessa vez só o<br />

ouvimos gritar em espanhol: “Javi, avança!”, “Javi, olha o Dante, olha o Dante!”,<br />

“Javi, não, agora não vai pra cima!”, “Javi, abre, abre. Mais!”… Não há trégua<br />

para Javi. Dante resolve gritar também para apoiá-lo. Enquanto isso, Robben e<br />

Ribéry fazem das suas. É pá-pá-pá, um gol atrás do outro, mas ninguém presta<br />

atenção no placar, apenas na aula de atuação defensiva que Martínez está<br />

recebendo. <strong>Guardiola</strong> o obriga a estar sempre atento ao companheiro que<br />

comanda a linha defensiva, pede que se poste olhando para ele e que só avance<br />

agressivamente deixando sua posição quando o adversário com a bola invadir sua<br />

área de influência. Orienta o jogador a se esquecer de perseguir o atacante rival<br />

por todo o campo como fazia em Bilbao — uma tendência que Javi ainda não<br />

corrigiu — e pede que, depois de subir para marcá-lo, aprenda a voltar rápido<br />

para sua posição e mantenha a linha. O técnico quer principalmente que Javi não<br />

perca de vista o companheiro que lidera a linha defensiva. Insiste com ele para<br />

que abra de um dos lados para receber a bola do goleiro e que se adiante sem<br />

medo, conduzindo a pelota, para que o time consiga superioridade no meio de<br />

campo. Em síntese, exige que ele assuma o papel fundamental de um zagueiro<br />

central no jogo de posição, um marco ideológico para Pep.<br />

Thiago Alcântara, que se limitou a correr e trabalhar na academia antes da<br />

visita médica para o exame do tornozelo, é um dos que assiste à partida com<br />

atenção. <strong>Guardiola</strong> diz a ele: “Javi está quase dominando a posição. Quando

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