11.07.2017 Views

Guardiola Confidencial - Marti Perarnau-1

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

não é um problema tático. Esta equipe ficou 53 jogos invicta, com Jupp e<br />

comigo, com mil táticas diferentes. Foram 53 jogos, com lesionados, com<br />

desfalques importantes, com táticas diferentes, sem perder. Mas nós corríamos.<br />

Corríamos como leões e paramos de fazer isso. Não é tática porcaria<br />

nenhuma!”.<br />

Cristina também se junta à mesa. Quer acompanhar o marido nesse processo<br />

de recuperação da energia emocional e sugere que, no sucesso, o relaxamento é<br />

inevitável: “Mas Pep, isso acontece com todos nós. Eu cheguei ao estádio<br />

relaxada, sem estar nervosa como em outros dias, pensando que enfrentaríamos<br />

o Dortmund com a liga já decidida”, diz a esposa. “Claro, claro, você tem razão,<br />

não vou negar. Eu mesmo fui outro hoje. Imagine que até consegui comer antes<br />

do jogo…” Ao meio-dia, no hotel da concentração, ele comeu um prato de<br />

camarões, sinal de que os nervos estavam controlados: “Sim”, ele acrescenta,<br />

“mas me preparei para o jogo com o mesmo interesse de sempre. Ontem saí da<br />

cidade esportiva às nove da noite. Gostaria de ter passado a tarde em casa com<br />

as crianças, mas passei fechado na sala, analisando o Borussia e procurando<br />

soluções. Quando fui embora de Säbener Straβe com Carles Planchart não<br />

restava ninguém. Nós mesmos fechamos a porta. Eu trabalho duro, e hoje foi<br />

uma merda”.<br />

Quero saber se, além de tudo, há razões táticas que expliquem a derrota tão<br />

doída: “Eu acho que começamos bem o jogo, mesmo não encontrando Götze<br />

entre as linhas. Se os dois meios-campistas do Dortmund cuidavam dos nossos<br />

dois meios-campistas, então é claro que Götze ficava livre, mas não tivemos<br />

capacidade para encontrá-lo. Não tenho muitas queixas do primeiro tempo: com<br />

Rafinha e Alaba jogando por dentro, quantos contra-ataques eles armaram na<br />

primeira etapa? Nenhum. Bom, já na segunda, quando eu os coloquei por fora<br />

para deixar quatro atacantes à frente, eles nos destruíram. Esse movimento pode<br />

ser interessante se jogarmos a final da Copa contra eles. Mas não consegui ver<br />

isso com clareza durante o jogo porque estava muito irritado”. Seus filhos lhe<br />

perguntam sobre alguns jogadores, mas <strong>Guardiola</strong> diz que a questão é a atitude<br />

coletiva: “Não podemos nos sentir deuses. Não somos deuses e temos que correr.<br />

Mesmo quando um time vai bem tudo está por um fio. Basta que deixemos de<br />

correr um pouco para que o fio se rompa e todo o trabalho se perca”.<br />

À medida que fala e fala, <strong>Guardiola</strong> vai delineando seu plano de trabalho nos<br />

próximos dias: “S’ha acabat el bròquil [em catalão, “Acabou a brincadeira”].<br />

Não farei mais rodízio em Brunsvique [no sábado seguinte, jogam na casa do<br />

lanterna, o Eintracht Braunschweig]. Se alguém se contundir, azar, no Bernabéu<br />

jogará outro. No fim das contas, ganhamos a Bundesliga com meio time<br />

quebrado, ganhamos em campos difíceis, sem muitos dos titulares, como no dia<br />

do 3 a 0 contra o Dortmund. Veja: ninguém fazia gol na gente e em apenas três

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!