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Guardiola Confidencial - Marti Perarnau-1

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correto e Pep às vezes foi — até além da conta. Como sugeriu Roman Grill, o<br />

representante de Philipp Lahm, às vezes é necessário mudar as lideranças da<br />

equipe e fazer jogar aqueles que multiplicam o rendimento coletivo, ainda que<br />

não sejam os de maior fama ou popularidade. Para alcançar os objetivos, nem<br />

sempre os jogadores mais renomados são os mais indicados. <strong>Guardiola</strong> precisa<br />

dar um novo passo, sem esperar o próximo ano e sem se importar com o que<br />

digam fora do Bay ern. Se quer levar adiante o jogo de posição que promove, e<br />

se quer praticá-lo no nível máximo, precisa que seus meios-campistas passem a<br />

bola rapidamente, sem retê-la em excesso, e que seus atacantes façam<br />

realmente a diferença quando chegam à área. Se o Bay ern não o apoiar nesse<br />

passo o futuro será menos brilhante do que poderia. “No ano que vem não haverá<br />

menos ideias de jogo, haverá mais”, diz o técnico.<br />

A derrota foi um desastre, mas não deixou necessariamente em evidência sua<br />

proposta de jogo: afinal, o Bay ern não jogou como em Manchester ou<br />

Leverkusen, nem como em fevereiro ou março. Muitos fatores contribuíram<br />

para isso, mas quem se equivocou foi Pep ao mudar sua proposta de jogo. Ele se<br />

traiu, mas não tem receios de admitir o erro. Explica detalhadamente que, no<br />

avião de volta de Madri, contente depois de rever o jogo inteiro e perceber que o<br />

time jogara muito bem (ainda que tenha sido péssimo dentro da área adversária),<br />

o plano para o confronto da volta era atuar com três zagueiros e quatro meioscampistas,<br />

no 3-4-3. Também reconhece que, já em Munique, começou a<br />

acreditar que seria melhor entrar com o 4-2-3-1 que funcionou muito bem até<br />

abril. E que por fim, na segunda-feira antes do jogo, deixou-se levar pelo clima<br />

positivo entre os atletas e optou por esse 4-2-4 suicida, que foi o seu pecado. O<br />

técnico vai desenhando em um papel os três planos de jogo: um, outro e,<br />

finalmente, o terceiro plano… Quando já os desenhou, rasga o papel em<br />

pedaços, não aceita me dar, como se se tratasse de um sonho ruim o qual quer<br />

esquecer. “Já foi. Acabou. De agora em diante, se é para errar que seja com as<br />

minhas ideias.” Na verdade, <strong>Guardiola</strong> utiliza uma expressão muito mais<br />

escatológica…<br />

Cristina assiste ao treino acompanhada dos três filhos. Não é preciso dizer que,<br />

aproveitando o dia festivo, a mulher de <strong>Guardiola</strong> pretende animar o marido.<br />

Maria, a filha mais velha, escreverá na lousa da sala do pai uma carinhosa<br />

mensagem de apoio e também deixará um recado ao lado em inglês: “Not<br />

erase” [Não apaguem]. Os jogadores tentam esquecer o golpe. Vê-se Robben,<br />

entre outros, profundamente abalado.<br />

As reações depois da derrota não foram unânimes. A maioria se colocou ao<br />

lado de <strong>Guardiola</strong>, agradecendo-lhe por assumir toda a culpa em uma noite tão<br />

difícil. Mesmo sem ter jogado um minuto, Rafinha começou a chorar no<br />

vestiário quando o técnico, quebrando um costume, veio dizer algumas palavras

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