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Guardiola Confidencial - Marti Perarnau-1

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O técnico jantou com alguns amigos, mas não estava com a cabeça no<br />

restaurante. De vez em quando mostrava fotos nas quais aparecia junto a Tito<br />

Vilanova. A que mais gostou foi uma em que estavam no vestiário do estádio<br />

Vicente Calderón (Atlético de Madrid) debatendo sobre uma proposta de jogo.<br />

Foi um jantar estranho, no qual se brindou por Tito e quase não se falou de<br />

futebol, mas de muitas outras coisas. Pep tinha a cabeça em outro lugar.<br />

Na segunda-feira, os jogadores estavam animados, muito animados, ansiosos<br />

pela revanche contra o Real. Em Munique se havia criado um ambiente mais<br />

propício a uma virada épica que a uma fria análise tática. E Pep se deixou<br />

influenciar. Esse foi seu grande erro. Até mesmo suas declarações na coletiva<br />

soaram estranhas. Ele perguntou aos jogadores sobre o que sentiam e eles lhe<br />

falaram do espírito alemão para as viradas, da paixão que a Allianz Arena<br />

irradiava nas noites heroicas, pediram a ele para jogar com o coração, partir<br />

com tudo e atacar ferozmente desde o primeiro minuto. E <strong>Guardiola</strong> mudou de<br />

ideia. O esquema 3-4-3 inicial deu espaço ao 4-2-3-1, mas na segunda--feira se<br />

transformou em um 4-2-4. Como em Dortmund em julho de 2013, em sua<br />

estreia na Alemanha, ele se debatia entre a paciência e a paixão, e acabou se<br />

inclinando pela paixão. E como em Dortmund, ele se deu mal, muito mal.<br />

O treinamento da segunda-feira consistiu em alguns rondos, um breve trabalho<br />

de força explosiva e dois jogos de dez minutos de onze contra onze, concluídos<br />

com cruzamentos para a área durante mais de vinte minutos, antecipando o que<br />

aconteceria no dia seguinte. Alaba e Ribéry tinham um pouco de febre e dor de<br />

garganta, e os joelhos de Javi doíam. A escalação estava decidida e Pep falou<br />

com Ribéry para lhe dizer que, por fim, seria titular.<br />

A conversa anterior ao jogo, nos salões presidenciais do hotel Charles,<br />

carregou o tom de otimismo que se vivia em Munique: “Rapazes, não se trata de<br />

entrar em campo e desfrutar. Desta vez é preciso entrar e morder. Temos que ir<br />

em todas as bolas. Vocês são alemães, sejam alemães e deem tudo em campo”.<br />

A virada épica foi um desastre. Pela forma como os gols foram sofridos, mas<br />

sobretudo porque o Bayern esteve irreconhecível. Não foi o time dono da bola,<br />

que havia dominado no Bernabéu, em Manchester, em Londres e em tantos<br />

outros campos, mas um conjunto despojado do seu principal atributo: o meio de<br />

campo. Lembrou demais o acontecido na Supercopa alemã, quando o Bay ern<br />

teve um meio formado por Thiago, Kroos e Müller, e também se converteu no<br />

fim em um 4-2-4, uma equipe dividida em duas metades.<br />

A Allianz Arena reunia as condições ideias para a virada. Um ambiente<br />

espetacular, tomado por cânticos a favor do Bayern, um caldeirão fervente. Os<br />

jogadores entraram motivados. Pela primeira e única vez na temporada<br />

reuniram-se no círculo central antes do início, buscando o estímulo que os levaria<br />

até a final. O árbitro não havia apitado o começo do jogo e o estádio já entoava

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