11.07.2017 Views

Guardiola Confidencial - Marti Perarnau-1

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Momento 48<br />

A mão milagrosa<br />

Londres, 19 de fevereiro de 2014<br />

São cinco da tarde em Londres e os jogadores já fizeram o lanche à sombra das<br />

palmeiras que recobrem o jardim de inverno do hotel Landmark, a poucos passos<br />

do Regent’s Park. <strong>Guardiola</strong> os espera em uma sala para a preleção de Arsenal ×<br />

Bay ern pela Champions, a ida das oitavas de final. Há uma mudança relevante<br />

na escalação: Javi Martínez entra como volante único e Lahm recua para a<br />

lateral direita, deixando Rafinha no banco. Depois de anunciar aos jogadores a<br />

equipe titular, o técnico lhes explica o plano de jogo para enfrentar o time de<br />

Arsène Wenger: “Rapazes, todos nós temos experiência em jogos deste tipo.<br />

Todos já disputamos jogos de oitavas de final na Champions e sabemos como<br />

eles são e o que significam. Sabemos que são intensos, complicados, agressivos e<br />

perigosos. Agora, ouçam com muita atenção”.<br />

<strong>Guardiola</strong> faz uma pausa voluntária. Uma pausa teatral, dessas que pretendem<br />

capturar a atenção de quem está escutando: “Quero o seguinte: que nos primeiros<br />

dez ou doze minutos vocês se dediquem a amarrar o jogo. Que esfriem os<br />

ânimos do Arsenal. Eles vão começar mordidos e com tudo. Quero que<br />

amarrem o jogo. Passem a bola. Desta vez quero que façam isso que eu odeio e<br />

que tantas vezes disse a vocês que é uma merda: o tiquitaca. Sinto muito por isso,<br />

mas hoje vamos praticá-lo por alguns minutos. Passem a bola sem pretender ir à<br />

frente. Passem por passar. Mesmo que fiquem entediados, que pareça inútil. Só<br />

temos um objetivo: ficar com a bola e fazer o Arsenal se irritar, não conseguir<br />

roubar a bola de nós, sentir que é inútil ser agressivo porque não vão pegar na<br />

bola”. A mensagem é clara, mas ele a reforça ainda mais: “Eu não precisarei<br />

avisá-los. Quando tiverem passado os dez minutos e vocês perceberem que eles<br />

perderam o gás, que começam a se irritar ou se desesperar, que já não<br />

procuram a bola com tanta agressividade, então, senhores, começa o jogo de<br />

verdade. Acaba essa história do tiquitaca e nós começamos a jogar como<br />

sabemos. E vamos pra cima deles”.<br />

Mas não acontece nada disso. O início do jogo não tem nada a ver com o que<br />

<strong>Guardiola</strong> pediu. Em menos de dez minutos, os jogadores do Bay ern têm que se<br />

livrar da bola seis vezes, mandando balões para o campo adversário, oferecendo<br />

a posse ao Arsenal. Mas não tinham combinado de esconder a bola? Por que a<br />

ofereciam de graça? Nesses dez primeiros minutos, que parecem eternos para<br />

<strong>Guardiola</strong>, o Bay ern é quase um boneco nas mãos do Arsenal. Para sorte da<br />

equipe de Munique, Manuel Neuer — mais uma vez — se agiganta. Não só<br />

defende um pênalti cobrado por Özil, além de outros arremates, como tranquiliza

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!