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Guardiola Confidencial - Marti Perarnau-1

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enquanto Robben e Mandžukić ocupam as pontas e Shaqiri, o comando do ataque.<br />

O time veio em um 4-3-3, com a seguinte escalação: Starke; Lahm, Van Buy ten,<br />

Boateng, Alaba; Thiago, Müller, Kroos; Robben, Shaqiri e Mandžukić.<br />

Após hesitar entre a paciência e a paixão, Pep escolheu partir para o ataque.<br />

Deixa Lahm na defesa e posiciona Müller ao lado de Thiago e Kroos no meio de<br />

campo. Isso significa que o time passará a maior parte do tempo formando um<br />

4-2-4 em razão da tendência de Müller de se juntar ao ataque: afinal de contas,<br />

ele é um atacante. <strong>Guardiola</strong> vê com clareza que não pode escalar Müller como<br />

meio-campista, porque seus instintos o impedem de manter a posição na região<br />

central do campo. O técnico é vítima da própria ambição: mesmo que o Bay ern<br />

ocupe o campo de defesa do Borussia, sofre para dominar o jogo diante de uma<br />

equipe programada especialmente para o contragolpe. Nas condições em que o<br />

time chega a Dortmund, Lahm poderia ter sido essencial como recurso defensivo<br />

no meio de campo, mas Pep preferiu lançar-se sem salva-vidas ao ataque. E<br />

pagou muito caro.<br />

O técnico catalão havia dito que o início seria difícil: e foi mesmo. O Bay ern<br />

não vence no Signal Iduna Park desde 12 de setembro de 2009, quando Van Gaal<br />

comandava a equipe. Este dado já basta para comprovar que, em casa, o<br />

Borussia é uma fortaleza — ainda mais se aos cinco minutos recebe um presente<br />

do visitante. Basta um erro de Tom Starke, o substituto de Neuer, para que o time<br />

de Klopp possa acionar sua estratégia preferida, agrupando-se em um 4-4-2 e<br />

entregando a bola e os corredores laterais ao adversário, que fatalmente<br />

concederá o espaço necessário ao contra-ataque. Em poucos anos, Klopp<br />

fabricou uma “máquina de matar”. O Borussia é vice-campeão da Europa,<br />

vencedor da Bundesliga em 2011 e 2012, e seu estádio é praticamente<br />

inexpugnável. Em sua estreia, <strong>Guardiola</strong> não consegue alterar essa tendência, e é<br />

inegável que, além de vencer, a equipe da casa brilhou com excepcional atuação<br />

em seu jogo de controle dos espaços, fechada em si mesma — como se adotasse<br />

a formação defensiva das legiões romanas — e explosiva ao vislumbrar qualquer<br />

brecha para as disparadas em velocidade.<br />

O calor em Dortmund é úmido, parecido ao chamado bochorno de Barcelona,<br />

quem sabe fazendo Pep se lembrar de suas origens. A temperatura é tão alta que<br />

são autorizadas duas paradas técnicas para que os times se refresquem, as<br />

Trinkpause, uma em cada tempo, uma para cada treinador. Klopp utiliza a<br />

primeira delas, aos 24 minutos, com o placar a favor. Enquanto os protagonistas<br />

bebem água e se refrescam, o técnico do Borussia passa instruções a seus atletas<br />

de defesa. A poucos metros, <strong>Guardiola</strong> fala com seus atacantes: essa imagem<br />

servirá como emblema perfeito de duas propostas antagônicas.<br />

O Dortmund não se incomoda por não ter a bola, ao contrário: gosta de esperar<br />

e sair para morder. A bola não fica nos pés dos seus jogadores, porque o time

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