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Guardiola Confidencial - Marti Perarnau-1

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como comprovaram quinze dias antes em Praga, na milagrosa recuperação<br />

diante do Chelsea —, e além disso estão satisfeitos com <strong>Guardiola</strong>, porque ele<br />

lhes proporciona novas evoluções táticas. Mas essa mesma satisfação os coloca<br />

em uma zona de conforto durante os jogos, que eles encaram com menos<br />

energia e entusiasmo que os treinos. Estão tão certos de que ganharão que não se<br />

importam de ir dormindo para o campo, até que o técnico os acorde no<br />

intervalo…<br />

A essa altura, <strong>Guardiola</strong> e Sammer já forjaram uma excelente relação, apesar<br />

das previsões de que a convivência seria complicada. Conectaram-se muito bem,<br />

compreenderam rapidamente o que um poderia somar ao outro e não foi preciso<br />

mais para que caminhassem juntos. O apoio mútuo existiu desde o início.<br />

Sammer também tem a percepção do atleta que na sua época liderava a equipe<br />

e não demorava a perceber os sinais de relaxamento que os jogadores exibiam<br />

durante os jogos. É por essa razão que ele solta a bomba mesmo antes de falar<br />

com Pep. O treinador fica surpreso com a franqueza do diretor esportivo, mas<br />

lhe agradece. E, de fato, na tormenta criada em seguida no clube, Pep se coloca<br />

claramente ao lado de Sammer, a quem defende sem a menor hesitação.<br />

Como é costume em Munique, as palavras de Sammer sofrem uma réplica,<br />

nesse caso do presidente Hoeneβ, em declarações ao diário Bild: “Parece que<br />

temos que pedir perdão por ganhar apenas por 2 a 0 e parece que perdemos<br />

quatro ou cinco jogos. Em Dortmund, eles devem estar morrendo de rir”. Na<br />

revista Kicker, ele acrescenta: “Entendo que Matthias tenha pensado em pôr o<br />

dedo na ferida. Contudo, o que acontece é que não existe nenhuma ferida”.<br />

Kalle Rummenigge também participa: “Isso é bonito para a imprensa, mas<br />

não é disso que o time precisa, nem o técnico”. É claro, não faltam as opiniões do<br />

Kaiser Beckenbauer, nem de Lothar Matthäus ou mesmo dos jogadores. Toni<br />

Kroos e Manuel Neuer aceitam publicamente as críticas, reconhecendo que<br />

jogaram mal contra o Hannover e que as palavras de Sammer serviram como<br />

puxão de orelhas. O capitão Philipp Lahm, por sua vez, pede que as críticas<br />

sejam feitas dentro do vestiário e não fora.<br />

Dois dias mais tarde, já às vésperas da estreia na Champions, <strong>Guardiola</strong> volta a<br />

se referir à tormenta: “Isso é cultural e não estou surpreso com a opinião de<br />

Sammer. Ele é muito emotivo, como eu. Percebi que, na Alemanha, diferente de<br />

Barcelona, esse tipo de reação é normal e eu tenho que me adaptar. Se isso<br />

acontecesse na Espanha, puf, teríamos um grande problema, mas aqui é<br />

normal”. Nada disso impede que Hoeneβ e Rummenigge chamem Sammer para<br />

uma reunião, cujo clima será tenso. E se Sammer sempre vinha em socorro de<br />

Pep, o técnico faz o mesmo: apoia o diretor esportivo sem titubear. “Matthias é<br />

um dos nossos”, diz.<br />

No domingo, 15 de setembro, dezoito horas depois de jogar contra o Hannover,

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