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Guardiola Confidencial - Marti Perarnau-1

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A conversa não passa despercebida por <strong>Guardiola</strong> — porque, apesar dos<br />

pássaros, no terraço amplo se ouve tudo — e ele se aproxima para participar da<br />

troca de ideias: “Sim, muito bem, mas se perdermos dois jogos seguidos dirão<br />

que é por culpa de tanto rondo e por não estarmos fazendo séries de mil metros<br />

na pré-temporada, ou porque não subimos as montanhas do Trentino”, ele<br />

gesticula, sorri, empurra Buenaventura. “Os jogadores não dirão isso, e gente<br />

como Toni Kroos vai afirmar que está muito feliz por treinar sempre com a bola;<br />

mas é certeza que, se perdermos, alguém escreverá que foi porque treinamos<br />

dessa maneira…”, explica.<br />

Buenaventura ri de sua forma de prever os desastres. “Trabalhei com mais de<br />

trinta técnicos. Muitos deles eram excelentes e sempre guardamos alguma coisa<br />

de cada um; mas de <strong>Guardiola</strong> fico com tudo, porque ele possui uma<br />

característica vital no esporte: a disposição para o risco. É como quando no salto<br />

em altura vem um cara [Dick Fosbury, 1968] que um dia decide saltar de costas<br />

e rompe todos os esquemas preestabelecidos. Quantos caras assim existem no<br />

futebol, dispostos a romper com o que está consolidado, com o tradicional? É<br />

aquela famosa frase: ‘Tudo já está inventado’. Mas veja só, não está. Pep é capaz<br />

de chegar a um país novo, analisá-lo e saber exatamente o que tem que ser feito.<br />

Aplica coisas novas e assume riscos.”<br />

O Bayern acaba de contratar Mona Nemmer como nutricionista. A jovem<br />

inicia o trabalho nessa manhã. Ela está no terraço do Lido Palace ao lado dos<br />

cozinheiros do hotel, com quem prepara o cardápio para os dias seguintes. Tratase<br />

de uma profissional de 28 anos, com experiência nas categorias de base da<br />

seleção alemã. O Bay ern atendeu ao pedido de <strong>Guardiola</strong> por um especialista<br />

em nutrição, campo em que ainda havia margem para evolução, apesar do<br />

excelente trabalho na alimentação depois dos jogos. O ônibus da equipe conta<br />

com cozinha própria, de forma que os jogadores recebem sua porção de massa<br />

pré-cozida, salada e carne ou peixe assim que os confrontos se encerram, o que é<br />

fundamental para a recuperação fisiológica. Dessa cozinha, assim como de toda<br />

a alimentação do Bay ern, quem cuida é o famoso Alfons Schuhbeck, verdadeira<br />

instituição culinária em Munique. Agora, Mona Nemmer complementará o<br />

cuidado nutricional, ocupando-se dos detalhes.<br />

Para Buenaventura, é um aspecto fundamental: “Como todos os times grandes,<br />

o Bayern joga uma partida a cada três dias, e isso influi demais no planejamento<br />

da preparação. Estudos médicos feitos na Itália demonstram que a recuperação<br />

após cada partida depende da alimentação do atleta. Assim, no terceiro dia após<br />

o jogo, quando se alimentou bem, o jogador recuperou 80 por cento do<br />

glicogênio dos músculos. Somente 80 por cento! Imagine se ele se alimentou<br />

mal… E depois de quatro jogos consecutivos em ciclos de três dias, o risco de<br />

lesão aumenta 60 por cento”.

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