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Guardiola Confidencial - Marti Perarnau-1

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Momento 16<br />

Aulas de defesa<br />

Munique, 29 de julho de 2013<br />

Começa a aula especial de defesa, que durará um dia e meio. É a primeira de<br />

muitas a serem ministradas pelo técnico ao longo da temporada. E já desde o<br />

início <strong>Guardiola</strong> dá um colete amarelo a Javi Martínez, incluindo-o no grupo dos<br />

zagueiros. Se o meio-campista espanhol ainda não havia lido nos jornais, agora já<br />

sabe que papel o técnico preparou para ele: o de zagueiro central. Chove sem<br />

parar. Os quatro atletas escolhidos como defensores titulares são Rafinha, Javi<br />

Martínez, Dante e Alaba. Colete amarelo para os quatro. Postado entre eles,<br />

<strong>Guardiola</strong> irá detalhando os movimentos pretendidos em cada tipo de jogada. Os<br />

jogadores que atacam são Lahm, Boateng, Van Buy ten e Kirchhoff. É<br />

significativo que o capitão Lahm não figure na defesa selecionada como titular:<br />

talvez o técnico já comece a pensar nele apenas como meio-campista.<br />

Durante quarenta minutos, <strong>Guardiola</strong> se dedica exclusivamente a explicar ao<br />

grupo os movimentos de cobertura. O que faz o lateral quando é atacado por um<br />

ponta, para onde vai o zagueiro central e onde se coloca o quarto-zagueiro, até<br />

que ponto o lateral do lado oposto pode recuar, quando o zagueiro deve avançar<br />

para a marcação e como seu companheiro deve fazer a cobertura, o<br />

posicionamento ideal do volante… São movimentos predeterminados, uma<br />

coreografia que pretende bloquear os corredores internos pelos quais é possível<br />

desmontar a defesa.<br />

Javi sofre e Dante se diverte. Para Javi Martínez, essa tarde de dilúvio tem um<br />

duplo significado. Sem que se diga uma só palavra, tem início a sua<br />

transformação em zagueiro central. E, além disso, o jogador precisa apagar tudo<br />

o que aprendeu no Athletic Club de Bilbao, onde o técnico Marcelo Bielsa pedia<br />

que ele fizesse marcação homem a homem. No Bay ern, a marcação será<br />

sempre por zona. É uma grande mudança para o espanhol, que parece estar<br />

começando novamente do zero. Em quase todos os lances, Javi vai aonde não<br />

deve, sobe no momento errado ou se afasta de Dante em vez de se aproximar do<br />

brasileiro. É uma tarde repleta de correções. Com paciência quase infinita, o<br />

grupo repete a coreografia sem cessar: Kirchhoff abre de um lado, Lahm ataca<br />

em profundidade, Alaba marca agressivamente, Dante cobre as costas do lateral<br />

austríaco, Javi se perde e <strong>Guardiola</strong> intervém, interrompendo a ação. Corrige<br />

Martínez e recomeça. São quase 45 minutos sob a tempestade de raios e trovões<br />

na sede do time de Munique. O trabalho não para.<br />

Javi sofre demais, não apenas pela mudança nos conceitos de jogo, mas<br />

também porque voltou de férias em condições físicas ruins. Ontem, domingo, ele

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