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Guardiola Confidencial - Marti Perarnau-1

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conta só o jogo seguinte, mas os momentos em que a temporada se divide. É por<br />

essa razão que deseja trabalhar com a maior discrição possível. Quando voltar a<br />

Munique, chegará até mesmo a instalar uma cortina gigante sobre o campo n°- 1<br />

de Säbener Straβe.<br />

A segunda grande surpresa é que Pep decidiu me conceder acesso livre à<br />

equipe. Eu esperava conseguir algumas facilidades, como tomar café com ele e<br />

comparecer a alguns treinos, o que permitiria levar adiante o projeto deste livro.<br />

Mas a inesperada decisão de <strong>Guardiola</strong> revolucionou a ideia inicial: ter acesso<br />

livre significa ver e escutar tudo, conhecer de perto seus métodos de treino, seus<br />

processos de tomada de decisão e seu planejamento. Equivale a trabalhar<br />

“infiltrado” em um clube de elite e receber uma avalanche de informações<br />

internas. Nem em meus sonhos eu podia imaginar que os campeões da Europa e<br />

o técnico mais bem-sucedido da década iriam me conceder tamanho privilégio.<br />

Em troca, <strong>Guardiola</strong> pede apenas uma coisa: discrição total durante a<br />

temporada. “Escreva o que quiser e critique o que quiser, mas durante a<br />

temporada não conte lá fora o que você vê aqui dentro”, ele me diz.<br />

É um acordo perfeitamente aceitável. Durante um ano, viverei de perto todas<br />

as contingências da equipe: as alegrias e tristezas, as lesões, as táticas ensaiadas,<br />

os ajustes, as enfermidades, as atitudes negativas e positivas, as broncas, os<br />

elogios, as dúvidas, as contratações cogitadas… Vou saber de tudo, mas terei que<br />

conter meu espírito jornalístico e segurar até a publicação deste livro.<br />

Então, as portas do estádio de Arco estão fechadas no treinamento deste<br />

sábado, 6 de julho de 2013. Faz dois dias que o Bay ern chegou à Itália, e Pep<br />

aproveitou a manhã de descanso para mostrar aos jogadores um vídeo sobre a<br />

pressão que o time deve fazer nos adversários. São imagens extraídas dos<br />

primeiros sete treinamentos, e o técnico explica aos atletas que não deseja<br />

esforços prolongados: não quer ver Ribéry ou Robben correndo oitenta metros<br />

em cada lance para perseguir os zagueiros rivais. A pressão que <strong>Guardiola</strong><br />

almeja dura “quatro segundos no máximo”.<br />

O treino desta tarde tem como foco a pressão sobre o time adversário. Os<br />

zagueiros e um volante se alinham para sair com a bola, enquanto os atacantes<br />

pressionam com muita intensidade para roubá-la. Neuer se destaca pela<br />

habilidade com os pés e Mandžukić lembra Eto’o pela agressividade na<br />

marcação. <strong>Guardiola</strong>, aos gritos, não para de dar instruções sobre como<br />

pressionar os defensores. “É a pressão de quatro segundos. Não quero ver Ribéry<br />

perseguindo o lateral pelo campo todo. Basta voltar até o meio de campo. O que<br />

precisamos conseguir é fazer pressão todos juntos durante esses poucos segundos<br />

e recuperar rápido a bola, lá na frente”, esclarece.<br />

Quando a sessão termina, sob forte calor, <strong>Guardiola</strong> se senta em um banquinho<br />

e compartilha suas ideias: “Nosso trabalho deve ser intenso e detalhado. Se fosse

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